Crônicas da Clínica (UNIVAP) – O tempo de cada um

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Quando E. entra na sala de atividades musicais na clínica acompanhado por duas estagiárias, sua expressão demonstra algo entre incômodo e desconfiança. Ele é amparado e fica por mais de 20 minutos ali, próximo à porta – não quer se aproximar dos demais. A equipe oferece instrumentos, mas ele recusa tudo que lhe é oferecido. As moças tentam auxiliar, puxam conversa… Ele continua mudo. Há uma certa frustração no ar quando ele sai – mas seguimos cantando. Acontece, e é preciso respeitar.

Passam-se alguns minutos (10? 15?)… e ele volta. Volta espontaneamente, porque quis voltar. E agora é totalmente diferente: integra-se, sacode o corpo, numa dança particular. Sem falar, ele nos mostra que deseja participar. 

Cada um tem seu tempo. Sem pressão, cada um encontra seu momento. E participa como pode. 

Cantamos. E, em silêncio, agradeço a ele pela cumplicidade. Que venha mais vezes!