crônica da vida cotidiana na RHS – rizomar – 27/10/2013
doug starn & mike starn – structure of thought 16
“Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança. A árvore impõe o verbo “ser”, mas o rizoma tem como tecido a conjunção “e… e… e…” Há nesta conjunção força suficiente para sacudir e desenraizar o verbo ser.
Entre as coisas não designa uma correlação localizável que vai de uma para outra e reciprocamente, mas uma direção perpendicular, um movimento transversal que as carrega uma e outra, riacho sem início nem fim, que rói suas duas margens e adquire velocidade no meio.” Deleuze-Guattari em Mil Platôs
Rizomar é o verbo da semana. Esta rede o faz o tempo todo. Mas, por alguma sincronicidade ainda obscura ao primeiro olhar, o rizoma teve maior visibilidade nos últimos dias na RHS.
O termo vem da botânica e designa as formações em rede, como por exemplo a grama. Opõe-se à árvore por não ter um centro ou estrutura central que funcionaria como ponto de partida de uma forma que culmina na copa.
É pura horizontalidade a sua arquitetura. Recusa o privilégio de pontos e se estende, democrática, em toda a extensão. Corre para os lados, jamais para cima, como a árvore. Lateraliza e transversaliza sem respeitar fronteiras demasiadamente cerceadoras de seu crescimento.
O rizoma cria o poema do entre.
Tudo a ver com as redes, sejam elas territoriais ou virtuais.
Senão vejamos:
https://redehumanizasus.net/66735-o-meio-digital-como-disparador-do-direito-a-saude-humanizada
Ricardo Teixeira enfatiza na entrevista o caráter de abertura da RHS a todos e qualquer um, uma rede social onde todos têm vez e voz. Estratégia da aliança no lugar da filiação. Um funcionamento contrário ao “arborescente” modo de filtrar as informações, característico da mídia oficial, que privilegia os olhares entristecidos para o SUS. Na RHS vemos o seu reencantamento por intermédio das práticas inventivas que mostram a potência no lugar da suposta “pobreza” da saúde pública.
Uma grande roda pela humanização hospitalar foi feita por usuários, gestores e trabalhadores no Hospital Getúlio Vargas ( Piauí ).
A roda é mais um dispositivo rizomático, cujo funcionamento se dá por contágio. Estratégia de intervenção viva. É no encontro entre todos os atores concretos do campo da saúde que se constrói uma humanização comprometida com os cidadãos, a partir de seu mais concreto acontecimento.
https://redehumanizasus.net/66762-roda-de-conversa-sobre-humanizacao-na-puc-de-sao-paulo
Rizomando na universidade, espaço estratégico de construção conjunta entre atores e saberes que fazem aliança com as práticas institucionais da rede de saúde. A PUC de São Paulo tem buscado cuidar desta relação com muita garra.
https://redehumanizasus.net/66647-campanha-nacional-em-defesa-do-sus
Mobilização social de milhares de brasileiros em torno da defesa do SUS que culmina com um PL 321/13 exigindo a aplicação de 10% das receitas correntes brutas da União na saúde pública. Força de redes!
E, finalmente, a grande e delicada visada/invenção de uma mãe, usuária do SUS: uma rede ( literal ) no berço para as crianças em situação de internação.
https://redehumanizasus.net/4189-rede-no-berco-acolhendo-as-diferencas-culturais
Para comentá-la, deixo a palavra com dois amados companheiros:
por Eduardo Passos
15/01/2009 10:08:00
Em que redes nos sustentamos? Muito interessante a matéria postada por Emília. Do Piauí recebemos o relato de uma experiência de HumanizaSUS. A experiência do SUS que dá certo é descrita de maneira a garantir não só a sua divulgação como tb e, sobretudo, permitindo a sua multiplicação. Esta é, de fato, a importância da RHS, esta outra rede, na qual estamos não só para nos embalar, mas sim para dar sustentação a experiências que precisam ser discutidas, criticadas quando for o caso e multiplicadas quando o Coletivo Ampliado da PNH entender tratar-se de uma experiência de humanização do SUS.
Parabéns aos compas do Piauí!
por Ricardo Teixeira
07/12/2008 13:44:00
As redes
Ao menos dessa vez, a “rede” em questão é realmente uma rede de deitar! 🙂
Mas só pra deixar mais evidente que são mesmo sempre as redes que sustentam nossos corpos…
Emocionante essa notícia, Emília.
Em poucas linhas, você nos conta muita coisa e nos fala das muitas redes que se formaram no hospital para que esse projeto pudesse emergir, das múltiplas trocas de conhecimento, movidas pelo interesse e respeito à necessidade do outro, que tiveram que se dar para que esses bebês pudessem, afinal, “balançar”…
Parabéns a todos que ajudaram a tecer essas redes!
Ricardo
Os curadores da RHS
Por Emilia Alves de Sousa
Prezada Iza,
É muito gratificante ver as suas crônicas semanais com o resumo dos postes relevantes publicados na rede. E a cada semana você se supera.
Amei encontrar aqui a nossa iniciativa Rede no Berço: acolhendo as diferenças culturais, enfatizando o comentário dessas estrelas da PNH Eduardo Passos e Ricardo Teixeira.
Obrigada pela delicadeza dos resumos!
Bjs!
Emília