Grupos de Saúde

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Simone Bernardi 13/06/2008

Na última 4ª feira tivemos encontro dos grupos de saúde do município. Há um tempo atrás, o trabalho era desenvolvido em  palestras para os usuários do serviço de saúde que tinham hipertensão e ou diabetes. No mesmo dia era verificada a Pressão arterial desses. Grupos que eram chamados “grupos de hipertensos e diabéticos”. No ano passado a assistente social do município  ouviu os usuários sobre o que gostariam que fosse trabalhado nesses grupos, colocou os usuários em roda para discutir a respeito do que consideravam importante para si. Neste ano, 2008, vimos que tanto os usuários, como os trabalhadores estavam descontentes com essa forma de trabalho, palestras onde somente um fala e os outros ouvem.  Então, seguindo a idéia da proximidade da Humanização, numa das reuniões da equipe de saúde, foi levantada a idéia de mudarmos a maneira de trabalhar com esses grupos, pois não se percebia muito resultado satisfatório do jeito como estavamos trabalhando.  Surgiu a idéia de fazermos oficinas menores com os usuários, onde desenvolveríamos os temas escolhidos por estes. Então fizemos um sorteio entre os trabalhadores da saúde para formarmos os grupos de trabalho para as oficinas. Os temas foram escolhidos após, por afinidade do grupo. Alguns, naquele momento, foram meio resistentes, mas quando desenvolvemos o trabalho e eles sentiram a proximidade com os usuarios e também a satisfação desses, também puderam expressar sua satisfação . Naquele momento vimos o grupo unido: trabalhadores-usuários, trabalhadores-trabalhadores, demos lugar para a aproximação com o outro, o que foi muito gratificante, e até mesmo aqueles que se mostraram inicialmente resistentes, posicionaram-se a favor da continuidade das oficinas. Hoje não é mais somente uma pessoa que coordena os grupos, mas tem uma equipe que trabalha em conjunto nisso. Os grupos se chamam hoje “grupos de saúde” enfatizando a vida e não a doença. Acredito que a Humanização tem contribuído muito para isso.

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4 Comentários

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Por Cláudia Matthes

demonstra sim que é possível entrar em relação de forma diferenciada, sacudir a poeira e enxergar novas estradas.

É muito gratificante perceber as mudanças

‘disparadas” através do apoio instituicional proporcionado pela Simone e pela Humanização.

Grande abraço com carinho

Cláudia

 

Por Ricardo Teixeira

Muito interessante esse seu relato, Simone.
Muito interessante o acontecimento que você relata e você relatá-lo aqui, você compartilhá-lo nesta Rede.
O que faz essa tal de “Humanização”…
No seu relato, eu a vejo expressar-se na experiência limite de uma ruptura, que inaugura um outro modo de fazer, diferente daquele em que o vetor de subjetivação que se oferecia era o de ser “hipertenso” e/ou “diabético”.
Dá a impressão que o coletivo retomou seu lugar de direito e, se auto-organizando, se reorganizou em “oficinas menores”…
Fale mais desses “grupos de saúde”. Quais temas trabalham? Com que dinâmicas? Quanto tempo duram? Em que espaços nos serviços de saúde?
Grande abraço,
Ricardo

    Por Simone Bernardi

    Simone Bernardi

    Achei interessante relatar aqui esse trabalho, pois vejo como uma mudança positiva, uma aposta nos coletivos, a aproximação entre trabalhadores e desses com os usuários do sistema de saúde. Falando um pouco do grupos de saúde, esses são compostos por usuários do serviço de saúde pública local. Na maioria pessoas que tem hipertensão ou diabetes, mas outras pessoas da comunidade também podem participar. Percebemos que, da maneira como trabalhavamos com esses grupos a um tempo atrás, não havia muita resolutividade nos casos atendidos nas duas Unidades de Saúde do município, questão que nos preocupava. Os usuários raramente participavam de maneira ativa desse processo. Além disso, a doença sempre era enfatizada, pois,eram trabalhados, em palestras mensais, temas geralmente legados à hipertensão e/ou diabetes e  era também verificada a Pressão arterial dos participantes nesses encontros. Os grupos eram formados por Unidade de Saúde, em datas diferentes. Então, percebemos que tínhamos que mudar a forma de trabalhar de modo que houvesse maior aproximação com os usuários. Assim, ainda no final de 2007, os usuários forma ouvidos pela coordenadora dos grupos (as. social) sobre o que eles gostariam que fosse trabalhado nos grupos de saúde. Essa, colocou os usuários em roda e eles escolheram vários temas, entre esses estavam: auto-estima, ansiedade e depressão, hábitos alimentares saudáveis e exercícios físicos, entre outros. Então, em uma reunião da equipe de saúde, foi sugerido, por outra trabalhadora (enfermeira), que abordássemos os temas que os usuários escolheram em forma de oficinas. A idéia das oficinas seria para possibilitar maior aproximação dos trabalhadores entre si e desses com os usuários. A maioria dos trabalhadores acolheram essa idéia, mas houve também certa resistência de alguns, por ser algo novo. Fizemos um sorteio dos trabalhadores que iriam trabalhar juntos nas oficinas, de maneira a envolver todos. Os temas foram escolhidos de acordo com os interesses e afinidade por cada grupo. Percebemos maior aproximação e participação do grupo, tanto por parte dos trabalhadores, como dos usuários. No final das oficinas, fizemos uma avaliação com os usuários, que consideraram positiva essa nova maneira de trabalho e depois reunimos os trabalhadores, que também puderam falar, sugerir e considerou-se importante continuar trabalhando desse modo.

Por patrinutri

Eis uma mostra de que o trabalho em grupo por si só não potencializa o fazer em saúde, com certeza é melhor que a clausura dos consultórios , mas não é potente o suficiente para produzir saúde.

O que produz saúde é o coletivo, é protagonismo dos sujeitos, é a conquista da autonomia. Isto que a PNH vem provocando no SUS, potencializar as forças, fazer as rodas moverem-se.

Parabéns pelo trabalho!