AURICULOTERAPIA – PRÁTICA INTEGRATIVA NA URGÊNCIA HIPERTENSIVA: Relato de experiência na Estratégia Saúde da Família (ESF)

16 votos

regina.jpg

 

Regina Célia Damasceno*
Edite Barros**
Zulmira Marques de Oliveira***

RESUMO

Introdução: Abordamos neste texto a experiência vivenciada pelas autoras da estratégia Saúde da Família (ESF) de Santarém, no município do Natal/RN, na prática da  Medicina Tradicional Chinesa(MTC) – Auriculoterapia na crise hipertensiva, realizado no período de março de 2012 a setembro de 2013.  A MTC tem uma visão holística do ser humano considera o corpo  um organismo integral, constituído de várias partes que não podem ser estruturalmente separadas e cujas funções interligadas se influenciam fisiopatologicamente (HE e NE, 1999). A Auriculoterapia  técnica milenar da acupuntura  utiliza o pavilhão auricular para  trata inúmeras doenças funcionais e orgânicas, restabelecer a saúde , aproveitando o reflexo que a aurícula exerce sobre o sistema nervoso central. Segundo Reichmann (2000), o pavilhão auricular possui mais de 200 pontos para tratamento na sua parte anterior e posterior. A  orelha  considerada microssistema é rica em nervos e vasos sanguíneos, os pontos presentes na superfície da orelha tem relação direta com determinados órgãos ou regiões do corpo uma vez estimulados restabelecem o equilíbrio orgânico (BONTEMPO, 1999). A aplicação de um estímulo auricular, mesmo sendo débil, acelera uma série de reflexos que provocam reações imediatas ou demoradas, temporárias ou permanentes, passageiras ou definitivas de natureza terapêutica de efeito imediato. O estímulo leva o cérebro a agir sobre todos os órgãos, membros e suas funções, equilibrando e harmonizando o organismo. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), origina-se das diretrizes e recomendações de várias Conferências Nacionais de Saúde e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). São abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras. A Hipertensão Arterial Sistêmica, é considerada pela OMS uma das principais doenças crônicas (BRASIL, 2012b; OMS, 2009). Entre o período de 2000 a 2009 no Brasil,  a taxa de mortalidade por doença hipertensiva teve um aumento de 66%, para os países em desenvolvimento a aderência aos tratamentos abrange apenas 20% da população doente, ocasionando elevados encargos para a sociedade, o governo e os familiares (OMS,2003). A ESF com vigilância a saúde no seu território de abrangência,  identificação do  perfil epidemiológico e  cadastro dos hipertensos, mesmo assim  não conseguimos a adesão ao tratamento contínuo e permanente dos portadores dessa patologia. Neste sentido, recebemos usuários em crise hipertensiva, caracterizada por  aumento da pressão arterial sistêmica, não correndo risco imediato de vida e nem dano agudo aos órgãos alvos, a terapêutica recomendada nestes casos é a redução da pressão arterial gradativamente. Objetivos: Atendimento humanizado com resolutividade, evitando a ida desse usuário ao pronto atendimento; visão ampliada do processo saúde-doença e a promoção do cuidado humano e o autocuidado. Método: Os usuários com pressão elevada  identificado na sala do preparo, são encaminhados para as profissionais com especialidades em medicina tradicional chinesa   na referida  USF, os mesmos  são acolhidos com uma escuta qualificada e realização de sangria no ápice da orelha ponto indicado para o controle da pressão arterial nessa situação, após 20min do procedimento  é aferida a pressão, colocamos pontos auriculares no que se refere a hipertensão e ansiedade e agendamos o retorno para sete dias. Resultados: Dentre os relatos dos participantes ao retornarem, expressão: melhora da pressão arterial, tranquilidade, melhora do sono, adesão a medicação anti-hipertensiva. Conclusão: Por todo o exposto, obtivemos resultados satisfatórios,  concluímos que a terapêutica da Auriculoterapia traz benefícios de imediato na crise hipertensiva,  contribui para a adesão ao  tratamento  e o monitoramento dos casos. Diretrizes da humanização contempladas: Uma práxis com visão na clínica ampliada com o cuidado centrado na pessoa singular e sua subjetividade, na escuta qualificada e  mudança na atenção à saúde.