Linha do Tempo

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       TRABALHO DE DISPERSÃO DO CURSO DE APOIADORES DA PNH

TEMA: LINHA DO TEMPO
ALUNA: Maria do Carmo Vasconcelos da Silva
DATA: 10/01/2014

      Comecei a minha trajetória na saúde no ano de 1985, como agente administrativo num posto de saúde, nesta época o Brasil encontrava-se num processo de redemocratização, após 21 anos de ditadura o país voltava a ter um presidente civil. Apesar dessa mudança o país continuava com altos índices inflacionários e a garantia aos serviços de saúde era para quem tinha carteira assinada, plano de saúde ou ótima situação financeira. Percebia de perto o sofrimento da população em busca de assistência, todos os dias, logo no início da manhã, havia uma enorme fila na porta do posto.
      Em 1986 passei a trabalhar na Sede da Secretaria Estadual de Saúde, na tesouraria, via a destinação dos pagamentos. Tomei conhecimento da VIII Conferência Nacional de Saúde e da importância que este evento representava. Uma vez que tinha com proposta  a concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e como dever do Estado. Princípios que foram incorporados posteriormente pela Constituição de 88.
    No ano seguinte continuei a trabalhar no mesmo setor, fazia faculdade e participava de movimentos dos trabalhadores da saúde. Nesse ano foi criado o SUDS – Sistema Unificado e Descentralizados de Saúde. Foi quando o governo Federal começou a repassar recursos para os estados e municípios. Era o prenúncio à municipalização. Esta viria a acontecer com o SUS.
    1988, ano de grandes avanços políticos e civis, como a convocação de uma Assembleia Constituinte que elaborou e promulgou a constituição cidadã. Esta estabeleceu a saúde como Direito de todos e dever do Estado e critérios para o custeio do Sistema.
   No ano de 1989 havia grande movimentação no país com as eleições presidenciais. Os movimentos sociais articulavam-se e lutavam para maiores investimentos nas políticas sociais.
   Em 1990 foi criado o Sistema Único de Saúde que aconteceu através da lei 8.080 de 19 de setembro do referido ano. Também nesse ano, 28 de dezembro, foi criada a lei 8.142 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS. Nesta época houve várias assembleias do movimento unificado dos trabalhadores da saúde, cujo objetivo era discutir questões de trabalho e salariais com a implantação do SUS.
   1991 foi muito importante para mim, ano em que me formei como assistente social. Comecei a atuar na profissão, na então Superintendência de Promoção Social da Secretaria Estadual de Saúde, no plantão social. Nesse ano foram criadas: a Comissão de Intergestores Tripartite (CIT), a primeira NOB, e a Comissão de Intergestores Bipartite (CIB). Tais criações foram para acompanhar a implantação do SUS. Dada a importância as duas comissões permanecem até hoje.
  Em 1992 não houve mudanças na área da saúde, mas na política aconteceu o impeachment do Presidente Fernando Collor.
  1993 continuava na Superintendência, tive oportunidade de participar de oficinas de saúde em algumas regiões de saúde. Neste ano foi publicada a NOB-SUS 93, que procurou restaurar o compromisso da implantação do SUS e estabelecer o princípio da municipalização.
  No ano de 1994 solicitei transferência para a então Unidade de Emergência Dr. Armando Lages, foi uma experiência muito rica. Através deste trabalho comecei a perceber a importância da qualificação profissional para o atendimento a população. E que essa qualificação acontecesse para todas as categorias profissionais. Nesse ano não houve fato marcante na área de saúde. Mas na parte econômica foi bem movimentada com a aplicação do Plano Real.
  No ano seguinte foi editada a NOB 96, esta norma acelerou a descentralização dos recursos federais em direção aos estados e municípios, introduziu grandes inovações como: A concepção ampliada de saúde; o fortalecimento das instâncias colegiadas; As transferências fundo a fundo(do fundo nacional de saúde direto para os fundos municipais de saúde) e  novos mecanismos de classificação para habilitação de gestão.
   O ano de 1997 foi muito difícil para o Estado de Alagoas, havia uma grande crise financeira e institucional, servidores públicos com até oito meses de salários atrasados. Alguns serviços essenciais paralisados em consequência da adesão em massa ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) proposto pelo governo estadual. Foi desta forma que me desliguei do serviço.
   Passei 14 anos afastada da área de saúde. Neste período prestei serviço na Justiça, no Departamento de trânsito e na Assistência. Mas mesmo fora desse setor, através de leituras de estudo e da mídia, tomei conhecimento da implantação de inovações nesta área. Entre as quais destacam-se: – 1998 Criação do Sistema de Transplante; -1999 Anvisa; – 2000 Criação da Agência Nacional de Saúde Suplementar; Criação da lei 10.216 que dispõe sobre os direitos das pessoas portadoras de transtorno; – 2003 Criação do SAMU; – 2004 Política de Atenção Integral à saúde da mulher, de humanização do SUS; – 2006 Pacto pela Vida, em defesa do SUS e de Gestão; 2008 Programa Mais Saúde.
   No ano de 2011 retornei a trabalhar nessa área, tive a feliz oportunidade de atuar na saúde indígena, um campo com algumas particularidades, pois temos que resguardar os usos, costumes e tradições indígenas. Nesse período a Secretaria Especial de saúde indígena-SESAI estava iniciando o comando que até meados de 2010 a saúde dos índios era responsabilidade da FUNASA.
   Desde o final de 2012 comecei a prestar serviço no CAPS AD, sempre tive interesse em trabalhar com dependentes químicos. É uma área muito desafiante e assim como os demais setores da saúde, precisa de investimentos.
    No início de 2013 fui trabalhar também no interior do Estado, no CAPS de Colônia Leopoldina. Atualmente continuo a trabalhar nesses dois serviços da saúde mental. Mesmo com poucos recursos nessa área, com sobrecarga de trabalho, pois para suprir as deficiências do serviço, os profissionais têm que se desdobrarem, gosto do que faço.
     Apesar de grandes avanços na saúde pública do país, percebe-se que existem muitos entraves e vários destes continuam sendo os mesmos de décadas atrás. Para resolvê-los o governo tem que propor soluções ao financiamento da saúde pública do Brasil. É necessário que as autoridades percebam a necessidade, e sobretudo queiram, ampliar recursos para o SUS. Quanto a participação dos profissionais para melhorar a prestação de serviços, que eles estimulem e fortaleça o  protagonismo dos usuários.

 

                                                    Maceió-Al

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