Diabetes: Porque a doença está fora de controle no Brasil?
Hoje, o ativismo em diabetes é marcado em grande parte, por um pedido de atualização na lista de medicamentos do RENAME, mas seria essa a solução para o que apontam as pesquisas? Que diabetes está fora de controle no Brasil?
https://www.diabetes.org.br/centros-e-instituicoes/1865-estudo-inedito-mostra-que-o-diabetes-esta-fora-de-controle-no-brasil
A percepção dos blogueiros a partir das demandas em seus respectivos blogs, confirmam que grande parte dos portadores de diabetes não mantem o nível de controle desejado para que seja possível se prevenir de sequelas. E esta percepção vai além, medicamentos mais modernos, diferente do que ecoa pelas redes sociais e consultórios médicos, não garantem um melhor controle da doença, podem garantir sim, uma melhor qualidade de vida. Acreditamos que fatores psicológicos esteja mais presente nesta melhora do que efeito farmacológico em si.
O tratamento e controle do diabetes é multifatorial, depende da alimentação, estilo de vida, rotina, múltiplas “picadas” e principalmente o auto conhecimento em relação a resposta orgânica individual ao tratamento farmacológico.
Percebemos que poucos portadores de diabetes possuem autonomia para tal, não houve um processo educativo eficaz para que a maioria dos portadores de diabetes fossem capazes de controlar a patologia com qualidade de vida, sendo esta muitas vezes conquistada com medicamentos mais modernos, insulinas de longa duração e sem picos de ação, ou mesmo bomba de insulina, através de processos judiciais.
Sem sombra de duvidas os aspectos psicológicos são importantes, mas se não garantem o controle da doença e prevenção de sequelas o que falta ao portador de diabetes?
Informaçao e educação!
Temos percebido que muitas vezes, nem os médicos conseguem lidar com as particularidades do paciente, impondo um programa de controle pré determinado quase impossível de seguir, um programa inflexível, que se não estiver a altura da capacidade do paciente por em pratica, o medico so vai estar ciente na próxima consulta, que varia de um centro de tratamento para outro, alguns 3 meses, outros 4 e ainda há alguns em que as consultas são de 6 em 6 meses.
Consultas rápidas, onde o paciente muitas vezes não consegue expor suas questões pessoais e o médico não dispõe de tempo para ouvi-las, a sala de espera está lotada de outros pacientes, com mais queixas pessoais em relação ao tratamento que o médico também não terá tempo para ouvir.
A endocrinologista Marilia de Brito Gomes que coordenou a pesquisa inédita "Estudo multicêntrico de diabetes tipo 1 no Brasil", realizada durante dois anos com 3.591 pacientes de 28 cidades brasileiras, em cinco regiões, mostrou que apenas 15% dos diabéticos têm seu nível de glicemia bem controlado, é enfática: “-Nossos dados ratificam a necessidade de programas eficazes de educação em saúde no Brasil”.
Esse tem sido o ativismo dos Blogueiros de Diabetes, que se trate a pessoa portadora de diabetes e não apenas a doença com doses farmacológicas e dietas com grandes restrições e limitações. Que o estresse da vida cotidiana seja levado em consideração assim como o seu poder de acesso a informação e equilíbrio social e econômico. Ora, se dentro destes parâmetros o melhor para o paciente são insulinas mais modernas, que o medico tenha a liberdade de receita-las de modo que não seja mais um gerador de estresse na vida deste individuo, sem processos judiciais, sem espera para licitações e com uma capacidade maior de acompanhamento desse paciente pelo SUS.
Segundo a OMS, saúde não é apenas a ausência de doenças, ela define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”, logo, acreditamos que a revisão nos protocolos farmacologicos sobre diabetes, devem e precisam ser revistos por um outro angulo que não apenas clinico. É preciso um aprofundamento na complexidade que envolve o controle do diabetes respeitando a pessoa humana. E isso não deve ser para daqui alguns anos, isso é pra ontem… o reloginho do descontrole esta marcando, e a cada ano de descontrole mais próximo das sequelas está o paciente, sequelas essas que geram mais custos, mais internações, mais aposentadorias precoces e uma pior qualidade de vida às famílias.
Queremos levar esta reflexão aos gestores de saúde, e lembrando que, segundo a IDF (International Diabetes Federation), há 13,4 milhões de diabéticos no Brasil, tornando o país o 4º em número de portadores da doença.
Por Márcia Roseane
Quando o profissionais de saúde e o poder público entenderem que saúde não é apenas a ausência de doença, talvez tudo mude em nosso país.
Muito bom o texto.