Médico-Apêndice, ninguém merece!
Obrigado Patrícia, obrigado Simone, pela resposta ao meu primeiro post. Acredito que será possível encontrarmos uma interface de comunicação, dentro do objetivo a que me proponho, aliás nos propomos.
Só que inicialmente preciso divulgar alguns conceitos que me angustiam enquanto médico do PSF em dedicação exclusiva.
Hoje estou trazendo a idéia do médico-apêndice, péssima por sinal, ninguém merece ser apêndice de qualquer coisa.
Os gestores da Saúde querem as consultas do médico, porque elas valorizam a performance da equipe e do município, quanto mais consultas, melhor para o gestor da saúde e para o prefeito.
Mais consultas, menos tempo para a equipe, menos tempo para a educação continuada, menos tempo para a promoção da saúde, menos tempo para as estratégias de prevenção.
Estaria o médico condenado a ser "o atendedor de doentes", e portanto, ocupado quase 100% de seu tempo, com as consultas médicas? Se assim for, o que diferenciaria o médico do PSF de um médico de ambulatório de hospital, mesmo se sabendo que a clientela é adstrita.
Consultas demais, 400 por mes é a regra em Alagoas, equipe de menos, comunidade de menos, prevenção de doenças e promoção de saúde, também de menos.
Médico, "atendedor de doentes", apêndice da equipe, ninguém merece.
Tempo para a comunidade, tempo para o vínculo comunitário, tempo para humanização do binômio saúde-doença, esses sim, TODOS MERECEMOS.
PS-Estou chegando agora a Taquarana, os comentários referem-se ao "conjunto da obra", ao conjunto de PSFs, vivenciados em Alagoas e Sergipe nos últimos anos.