Proposta de intervenção – Humanizando o cuidado: a inserção do profissional Odontólogo na UTI

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Acervo pessoal – Docentes curso de Odontologia FAI- Centro Universitário de Adamantina.

        Proposta apresentada à disciplina “Humanização dos Cuidados em Saúde” do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), ministrada pelas docentes Profª Danielle Abdel Massih Pio e Profª Drª Magali Aparecida Alves de Moraes.

Autores:

ANA PAULA NETO MANCINI (1)

FABIO BOMBARDA (2)

LILIANE OLIVEIRA SAKANO (3)

 

  “A humanização da saúde implica uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e de seus serviços. Essa mudança altera a forma como os usuários e os profissionais de saúde interagem entre si. Um dos principais objetivos da humanização na área da saúde é proporcionar melhor atendimento aos beneficiários, e melhores condições aos trabalhadores.

Humanizar a saúde também significa que as mentalidades dos indivíduos passarão por mudanças positivas, criando novos profissionais mais capacitados que melhoram o sistema de saúde”. (1)

Esta proposta nasce da compreensão e valorização da importância da humanização em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital do município de Adamantina/SP, cidade de pequeno porte, localizada na zona oeste de São Paulo, pertencente ao DRS IX – Marília e microrregional de Adamantina/SP.

O hospital é uma instituição de média complexidade com 119 leitos, prestando atendimento em diversas especialidades, conta com 352 colaboradores, sendo que na UTI estão escalados sete enfermeiros, 16 técnicos de enfermagem e cinco fisioterapeutas.

O serviço de UTI está estruturado com 10 leitos para atendimento de pacientes adultos, e conta com equipe multidisciplinar visando à qualificação do cuidado justificando a escolha do setor para o desenvolvimento do projeto que no futuro, após implantação e avaliação, se expandirá para outras unidades de internação, construindo novas práticas.

A unidade hospitalar é um local para atividades práticas e internato para graduandos de diversos cursos, como medicina, enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia, odontologia de uma instituição de ensino superior e para alunos de nível técnico em enfermagem da Escola Técnica Estadual Centro Paula Souza.

Devido a esse movimento e particularidade, há um intenso esforço para habilitar em hospital ensino, tendo em vista que a prática educativa já ocorre enquanto o processo de habilitação não é concluído.

Discutiu-se a proposta de intervenção para inserir o profissional Cirurgião-Dentista no contexto, humanizando a assistência, contribuindo para o desfecho clínico, promovendo boas práticas e atendimento assertivo.

A Resolução ANVISA nº 7, de 24 de fevereiro de 2010, que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de UTIs, em seu inciso IV, diz que o acesso aos recursos assistenciais deve ser garantido à beira do leito, e inclui assistência odontológica. (2)

Vindo ao encontro da necessidade de qualificar a linha de cuidado na UTI, setor que está cotidianamente entre os autores, apresentamos uma proposta de intervenção para a inserção do profissional odontólogo no contexto, humanizando a assistência, contribuindo ao desfecho clínico, promovendo boas práticas e cuidados assertivos. (3)

Por ser a UTI um ambiente complexo e tecnológico que recebe pacientes com doenças sistêmicas, totalmente dependentes de cuidados específicos, a impossibilidade de realizar higiene bucal adequada tem sido vista com outros olhos. A interação entre a equipe multidisciplinar e a odontologia ajuda a garantir que as condições bucais sejam tratadas adequadamente.(3)

O profissional dentista exerce influência no contexto, sendo necessário tanto no diagnóstico quanto no tratamento de alterações e na prevenção do agravamento do quadro sistêmico, diminuindo os índices de infecção hospitalar. (4)

A implementação de protocolos de controle químico e mecânico da colonização bucal, o treinamento da equipe de enfermagem diante das necessidades e a execução de técnicas adequadas demonstram impacto na qualidade da assistência, justificando assim a positividade da inserção do cirurgião dentista nos serviços de terapia intensiva. (4)

A atividade terá como público alvo os profissionais de saúde que atuam em uma UTI adulta, e acontecerá em 3 etapas:

Utilizando o Google Forms, iniciaremos com um questionário disparador, buscando mensurar a prática de higiene realizada e o entendimento da necessidade do profissional odontológo no serviço. (5)  https://forms.gle/UmTkCWoRHUPzKzdr6

Em um segundo momento, haverá uma roda de conversa onde será demonstrado e avaliado o gráfico resultante das respostas obtidas, proporcionando um espaço para escuta ativa, troca de experiências, interação e esclarecimento de dúvidas, além de uma oficina de aperfeiçoamento dos profissionais quanto à técnica correta e a importância do apoio matricial do dentista quanto à higiene bucal.

A autoavaliação com a equipe envolvida no processo é fundamental para que os profissionais tenham a oportunidade de repensar as práticas relacionadas à assistência à saúde, demonstrar como se sentiram com a intervenção e dar feedback sobre a experiência.

Por fim, após equipe treinada, o cirurgião-dentista acompanhará semanalmente os profissionais na escovação assistida, para que a técnica seja devidamente incorporada à assistência e que ocorra efetivamente a prevenção de doenças bucais e a educação em saúde.

A avaliação macro da implantação do cirurgião-dentista na unidade hospitalar será obtida por meio da análise de mudanças positivas nos indicadores assistenciais associados à diminuição da densidade de problemas relacionados à saúde.

REFERÊNCIAS

1-      HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

2-      Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n. 7 de 24 de fevereiro de 2010.

3-      Gomes SF, Esteves MCL. Rev. Bras. Odontol., Rio de Janeiro, 2012; 69(1): 67-70. Acessado em 11 de maio de 2023,  http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72722012000100015

4-      Blum DFC, Munaretto J, Baeder FM, Gomez J, Castro CPP, Bona ÁD. Influência da presença de profissionais em odontologia e protocolos para assistência à saúde bucal na equipe de enfermagem da unidade de terapia intensiva. Estudo de levantamento. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2017;29(3):391–3. Available from: https://doi.org/10.5935/0103-507X.20170049

5-      Silva Junior, AC. et al. Higiene oral: atuação da equipa de enfermagem em ambiente hospitalar Revista de Enfermagem Referência, 2020;5(1):1-8. Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. DOI: https://doi.org/10.12707/RIV19099

CREDENCIAIS

(1)  Aluna especial da disciplina “Humanização dos Cuidados em Saúde” do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Famema, profissão: enfermeira.

(2) Aluno regular do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde – Mestrado Profissional da Famema, profissão: médico.

(3) Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Saúde -Mestrado Profissional da Famema, profissão: enfermeira.