COMENTÁRIO FILME SICKO
O belo filme questiona as razões pelas quais os Estados Unidos da América, a nação mais rica do mundo, não possui um sistema de saúde pública socializado. Seguradoras de saúde criam planos para evitarem gastos com seus clientes, tratando assim os doentes como simples mercadoria colocando questões econômicas acima da vida e da morte.
Os sistemas de saúde apresentados, Cuba, Canadá, França e Inglaterra, fazem duras a um país que possui um grande poder financeiro, muito maior do que Cuba, por exemplo, e, no entanto, cultua o sucateamento da saúde publica, contrastando com os vultosos lucros das companhias privadas, fato este notadamente proposital, pois em um sistema neoliberal, em políticas de serviços privatizados o que tem valor é o lucro.
Observa-se também no filme, a discussão a respeito da formação dos profissionais em saúde nos dias atuais e qual seria a ideologia destes, o trabalho em sistemas privados em contraste com serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde, a questão está no que o estado, país, município impõe ao profissional; no Canadá, por exemplo, os pacientes escolhem seu médico e este, por sua vez, não é funcionário publico, ele tem seu consultório particular e compete com outros profissionais pelos bons serviços prestados aos pacientes, vale lembrar que os serviços são gratuitos.
Não existem tratamentos diferenciados que implicam em classe social, raça ou doença já existente ou um tipo de tratamento pra quem pode pagar um “extra” e um para os que não podem pagar, os poucos planos de saúde com fins lucrativos que existem por lá são exclusivamente para gastos que o governo não pode cobrir como cirurgias estéticas por exemplo, e assim mesm, o Canadá gasta com saúde menos que os Estados Unidos. Então, conclui-se que um profissional em saúde pode trabalhar em uma rede, digamos, “privada” sem visar apenas o lucro de seus pacientes, competir de maneira honesta pelos serviço que prestar, afinal um bom tratamento garante a indicação do médico a outros que necessitarem, não tratá-los como mercadoria, trabalhando o lado humanista.
Cuba é hoje um modelo de sistema de saúde, educação, cultura, esporte, sem discriminação de qualquer tipo, onde há justiça social e respeito aos direitos humanos fundamentais a todo cidadão e com certeza seus habitantes se orgulham em morar no único país latino americano sem favelas e sem crianças nas ruas pedindo esmolas.
O sistema de saúde cubano baseia-se na promoção, prevenção, cura e reabilitação, bem como proteção a grupos específicos realizando assim um trabalho dirigido ao individuo, a família, a comunidade e ao meio, sistema este, chamado de medicina familiar.
Com o aprimoramento da medicina familiar preventiva, houve uma queda nos serviços hospitalares, as internações de urgência alem de intervenções cirúrgicas, então, pois um país que previne, certamente não precisará remediar, e que atuação de profissionais nas mais diversas áreas da saúde é fundamental; se reconhece que Cuba passa por problemas econômicos, mas mesmo assim, a garantia de atendimento médico gratuito a toda população cubana é motivo de orgulho, pois nacionalizou a saúde, levando profissionais da área aos lugares com maiores necessidades.
Em contraste o Brasil e o restante da América Latina, com exceção de Cuba, servem como cobaias de indústrias farmacêuticas multinacionais, que, literalmente despejam suas marcas comerciais, a maioria das quais desnecessárias para o tratamento das maiores das enfermidades.
No nosso país é muito simples abrir uma farmácia, pois qualquer aventureiro sem formação abre em qualquer bairro de uma cidade e para desespero de alguns e felicidade de outros, paga todo mês para ter a assinatura de um profissional da área, sem ética alguma, que apenas entra na “farmácia” para tal fim não sabendo sequer onde encontrar um medicamento para dor de cabeça, mas o que vale mesmo é lucrar com a ignorância dos cidadãos.
No Brasil o SUS funciona de maneira precária, onde pacientes tem que esperar em filas intermináveis e amontoados nos corredores de hospitais e esperar pela escolha de quem vai conseguir uma vaga, quando sobrevivem, terão que se submeter aos caprichos de alguns médicos que impõe medicamentos inacessíveis pelos altos preços para a maioria dos pacientes que utilizam o SUS, ou seja, cidadãos de baixa renda, quando poderiam receitar genéricos, e de novo a indústria farmacêutica entra em campo pagando uma porcentagem “extra” para clínicas, hospitais, médicos e farmácias, gerando mais lucro e fazendo entrar em ação o neoliberalismo!
Por fim, quanto mais alfabetizado e politizado for o cidadão, não se deixará levar apenas por belos discursos, bem como não se dobrará a força de um sistema e sim à dos ideais para um bem comum.