REFLEXÃO E CONCEITO SOBRE A CONSTRUÇÃO DO NOVO ESPAÇO EKOBÉ EM FORTALEZA
Por Elias José da Silva, Vera Dantas e Mayana Dantas
Na tarde de quarta feira (12/02), o coletivo das Cirandas da Vida, integrante da Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde (Aneps-Ce.), estiveram reunidos no Espaço Ekobé, no Campus da Universidade Estadual do Ceará, em Fortaleza, para socializar, refletir e encaminhar acerca da construção do novo Espaço Ekobé. O encontro contou com a participação do Permacultor Skye Riquelme, australiano, co-fundador e sócio da Geelong Permaculture Design Collective.
Para entender o Espaço Ekobé
A Oca Terapêutica de Práticas Integrativas e Populares de Cuidado, denominada de Espaço Ekobé, foi construída no ano de 2006, no Campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), por ocasião da Reunião Anual da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (Sbpc), por demanda dos movimentos de educação popular em saúde, protagonizados pela Aneps. O espaço foi originalmente construído pelos Índios Tapebas, com o apoio da Sbpc e posteriormente ampliado com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, sob a articulação da Estratégia Cirandas da Vida, em sua interface com a Aneps. A localização do Espaço era estratégica: há poucos metros do corredor central, da Biblioteca e do Centro de Ciências da Saúde. Até o ano de 2011 permaneceu neste local, quando chegou a decisão de que o espaço seria removido para dar lugar a mais um bloco, a ser edificado, do Centro de Ciências da Saúde. Provisoriamente, o Espaço foi reconstruído, sem as características de Oca, mas na forma de uma sala, na área de fundos dos Centros Acadêmicos do Campus Universitário.
O Espaço Ekobé se consolidou como lugar de desenvolvimento das práticas integrativas e populares de cuidado, compreendendo a aplicação e oferta de diversas práticas (Massoterapia, Reiki, Biodança, Terapia Comunitária, Reflexologia, Shiatsu e afro-religiosidade, entre outros). Ao mesmo tempo, o Espaço Ekobé se constituiu enquanto lugar de formação dessas práticas, com ênfase para a formação em Reiki e Massoterapia. Através das atividades de formação do Ekobé, em articulação com as Cirandas da Vida, existem hoje muitos Mestres de Reiki e Massoterapeutas, gente dos movimentos sociais e profissionais de saúde formados e certificados nas práticas integrativas. O Espaço Ekobé tem contribuído ainda para o fortalecimento organizacional dos movimentos e entidades constituídas pelos cuidadores, no âmbito do território da Grande Fortaleza, bem como, levou sua experiência para contribuir com os processos formativos e organizativos em diversos Estados Brasileiros, em articulação com a Aneps e o Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde.
Pensando o novo Espaço Ekobé
No início do encontro de quarta feira (12/02), o Permacultor Skye Riquelme lançou a seguinte indagação: quando vocês pensam o Espaço Ekobé, olhando para tempo futuro, daqui há cinco, oito anos, qual o sonho que vocês têm? Espontaneamente foram surgindo respostas:
• Um espaço em que a pessoa se sinta cuidada ao adentrá-lo, diferente dos serviços de saúde comuns;
• Espaço que propicie a autogestão do mesmo, proporcionando as pessoas a cuidarem do Ekobé, entendendo que, assim, estão cuidando de si.
• Que ganhemos visibilidade da UECE e de outras instituições também.
• Um lugar em que a energia circule e que as pessoas que nele se acheguem, se sintam acolhidas e acolhedoras, cuidadas e cuidadoras, já a partir da sua forma e ambiência.
• Um espaço que possa entrelaçar as práticas de cuidado, educativas, a arte, cultura e saúde.
E outros sonhos foram sendo revelados…
A permacultura e a perspectiva da bioconstrução
"Resgatar e amar um pedaço da Mãe Terra é muito mais profundo do que simplesmente criar sistemas para manter vivo o nosso corpo físico: é o resgate profundo da relação do homem com a Natureza, de substituir o tempo de relógio – nossa escravidão – por ritmos. Tempo de caju, tempo de manga. O levantar e pôr do sol. A lua minguando e crescendo… E percebemos que, de fato, precisamos de MUITO POUCO para sentir a felicidade; que a integração com a beleza natural é uma fonte de satisfação mais profunda e serena do que grandes conquistas no mundo urbano.”
Marsha Hanzi (trecho do livro O Sítio Abundante)
O conceito e experiências da Permacultura no tocante a bioconstrução, já desenvolvidas em outros lugares está animando o movimento pela construção do novo Espaço Ekobé. O sonho que cada um tem vai formando a natureza desse lugar integrativo que se quer como espaço de cuidado, de formação, de saúde e não doença.
“Um dos princípios fundamentais da permacultura é o respeito pela sabedoria da natureza, que desenvolveu um sistema perfeito para cada lugar. Do princípio vem a estratégia (observar e copiar a Natureza), da qual surgirão as inúmeras técnicas , que podem ser copiadas de situações similares ou criadas no local”. Trazer estas possibilidades para o Espaço Ekobé pode significar a construção literalmente compartilhada do conhecimento, na construção da estrutura, do ambiente e do desenvolvimento das práticas integrativas, no cuidado e na formação. Como fruto de um processo formativo, surgirá como produto solidário, o novo Espaço Ekobé. E a sua biodiversidade, emanada desse movimento, vai significar vida, (ekobé, na língua tupi-guarani), sentido holístico de energia vital, práticas e saberes que fluem e circulam, integralizam e promovem o cuidado em saúde, a formação e a vivência das práticas integrativas e da educação popular em saúde.