Alunos de Recife constroem propostas para melhoria de saúde pública
Por Letícia Bender
Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA
Uma equipe de oito residentes de Saúde da Família de Recife (PE) promoveu ação com a Escola Estadual da cidade no segundo semestre de 2013. A experiência, que é relato na IV Mostra nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família (Brasília – DF), simulou Conferências Municipais de Saúde em busca de estímulo ao exercício da cidadania. A ideia surgiu de análise da notícia sobre falhas nos postos de Saúde da cidade.
De acordo com Dara Felipe, psicóloga residente e apresentadora do projeto na IV Mostra, os temas abordados na ação são “o fortalecimento da saúde como um direito e também a estimulação da organização social para efetivo exercício do controle social”.
O Ministério da Saúde explica que conferência municipal é, idealmente, o momento de debate e avaliação de condições de saúde da população e construção de propostas, “compreendendo questões que dizem respeito ao funcionamento dos serviços de saúde, da gestão municipal e também questões que não dizem respeito ao setor saúde, mas que são determinantes da condição de vida como transporte, saneamento, lazer etc”, completa.
A ação
Os 34 alunos da Escola Estadual que participaram da ação foram divididos em dois grupos: jovens entre 14 a 16 anos do 9° ano, e estudantes da turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos) com idade a partir de 18 anos. O grupo de residentes explicou o funcionamento de uma Conferência Municipal de Saúde e delegou funções representativas aos alunos: usuários, funcionários e gestores que, em cada “cargo”, deveriam construir e apresentar propostas para melhoria da saúde.
(Encontro para construção de propostas em Escola Estadual – Recife – PE) Foto: Divulgação
Propostas
Após o estudo da situação atual da saúde e de dificuldades diárias vivenciadas por alunos e familiares, as ideias foram elencadas. São elas:
11% do Produto Interno Bruto (PIB) para a saúde; contratação de mais profissionais de saúde para que aumente o número de atendimento; reforma e manutenção das Unidades de Saúde que já existem; mais medicamentos e equipamentos (exames, insumos, SAMU); construção de um calendário de propostas para que possamos cobrar; mais capacitação e atualização para profissionais e avaliação periódica; mais tempo para capacitações; aumento a partir da carga horária sem aumentar os impostos; funcionamento das Unidades de Saúde aos sábados e domingos com contratação de mais profissionais sem aumentar os impostos; bolsa para estudar para ser profissional de saúde; melhorar a acessibilidade das Unidades de Saúde; buscar deixar o salário mais igual dos profissionais de saúde; fazer acordo com empresas para que as compras de medicação sejam mais longas; mais projetos de Educação em saúde nas comunidades; projeto de Reciclagem do lixo; construção de área de lazer; manutenção da quadra esportiva; mais lixeiras nas ruas e organização da coleta de lixo; aumentar o saneamento básico; aumentar o número de profissionais de saúde nos serviços; melhorar a estrutura das escolas (infra-estrutura, profissionais, merenda).
Saúde e Educação em cooperação
Dentre os resultados verificados, a organização do projeto percebeu a importância do envolvimento dos alunos na construção do conhecimento ao pensar em saúde pública. Dara comenta que “o resultado foi bastante positivo, pois consistiu em uma forma vivencial de aproximação com espaços de controle social, não se restringindo a exposição oral. Dessa forma os participantes tiveram maior compreensão e interesse em participarem do espaço das conferências.
Ainda de acordo com o grupo, a ação conjunta entre Saúde e Educação é “uma ferramenta de aproximação entre a Escola e a Unidade de Saúde da Família, bem como a aproximação da discussão de saúde dos jovens, que sabe-se ser um dos públicos menos priorizados nas políticas de atenção à Saúde a nível primário”.
Texto originalmente publicado no Portal (En)Cena – A Saúde Mental em Movimento.