Humanização para além do acolhimento
Artigo opinativo que enviamos ao Correio Braziliense foi publicado hoje! Confiram!
Humanização para além do acolhimento
28 de setembro de 2009
Dário Pasche
Coordenador da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde
Maria Elizabeth Mori e Mariella Oliveira
Consultoras do Ministério da Saúde
Na matéria Acolhida mais humanizada , publicada em 15 de setembro, os leitores do Correio Braziliense foram informados de parte do trabalho de apoio institucional que a Política Nacional de Humanização (PNH), do Ministério da Saúde, tem feito no Distrito Federal. De fato, quando a gestão de um serviço de saúde faz uma escolha consciente como essa e opta por uma política pública que trabalha a inseparabilidade entre atenção e gestão, os resultados se traduzem em benefícios tanto para o usuário, quanto para o trabalhador da saúde. Em 17 de setembro, os gestores de quase todos os hospitais do DF estiveram reunidos no HBDF para apresentarem seus problemas e dificuldades de trabalho com o intuito de formar um pacto de ação baseado nas diretrizes e orientações ético-políticas da PNH.
Eles compõem a Câmara Técnica de Humanização Hospitalar e estão em processo de formação desde o dia 26 de agosto, em uma parceria entre a PNH e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Todas segundas e últimas quintas-feiras do mês, esses gestores de diferentes serviços de saúde do DF se reunirão com os consultores da PNH e professores da Unicamp para analisarem as intervenções de cada regional de saúde relacionadas às diretrizes do HumanizaSUS, propostas inovadoras para a melhoria da rede. Esse trabalho une formação/capacitação com intervenção (produção de mudanças nas práticas de saúde), uma das estratégias de implantação da Política Nacional de Humanização, que atua em todos os estados mediante apoio institucional e em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde.
No Hospital de Base, além do projeto Universitário que Acolhe (Uqua), que modifica a porta de entrada do HBDF e engaja o jovem universitário no SUS, estão sendo criadas também Unidades de Produção no hospital, que incentivam o trabalho em equipe com profissionais de diferentes especialidades, integrando os trabalhadores da saúde. A unidade de cardiologia, o centro cirúrgico e a hemodinâmica já estão experimentando o trabalho integrado. A farmácia, o pronto-socorro e o ambulatório em breve também serão integrados. Outro dispositivo da PNH, a visita aberta, começou no hospital em janeiro, e continua em fase de implantação, com mudanças significativas em setores como a internação, que antes tinha visita de uma hora e agora possibilita que os acompanhantes estejam até sete horas em contato com o usuário. Há também proposta de reforma do pronto-socorro, segundo a diretriz Ambiência, com a introdução de modificações arquitetônicas a partir da discussão de processos de trabalho, contemplando as expectativas do corpo médico e de enfermagem do hospital, com apoio da PNH.
Em cinco anos de atuação, a PNH tem se afirmado como um movimento social e político, introduzindo uma série de mudanças nas práticas de gestão e de cuidado, mais afirmativas dos direitos das pessoas e da democratização das relações de trabalho. Essas mudanças têm produzido novas atitudes e comportamentos entre os trabalhadores e usuários, pois decorrem da reorganização dos processos de trabalho, sem o qual não alteram as condições que efetivamente produzem um conjunto de problemas na saúde, como aqueles apontados pela população, como a precariedade dos vínculos, a descontinuidade dos tratamentos, o descuidado, a insensibilidade com a dor e sofrimento das pessoas, relações humanas autoritárias, entre outros.
A humanização da saúde é movimento presente no SUS. Mostra disso são as mais de 450 experiências apresentadas no 2º Seminário Nacional de Humanização, realizado em Brasília no início de agosto deste ano; a realização de mais de 40 cursos de formação de apoiadores e multiplicadores da política, que formaram cerca de 4 mil trabalhadores do SUS; e a presença marcante da PNH em hospitais, equipes da Saúde da Família, Samu, Saúde Mental de todo o país, entre outros. O HBDF está se inscrevendo nesse movimento e estamos apostando que ele será capaz de produzir alterações importantes nos modos de gerir e de cuidar, o que sem dúvida trará benefícios para a população e aos trabalhadores da saúde.
Por Shirley Monteiro
Que coisa boa !!!
Parabéns à PNH pelo alcance aos Hospitais militares, inclusive. Em Brasília existem parcerias muito frutíferas entre estas instituições de Saúde e alguns grupos militares, como é o caso do Centro de Equoterapia da ANDE- Brasil, que é bem articulada com o Hosp. Sarah e a UNB. Agora a PNH no Hospital de Base. … Conheço ainda da infância as ambiências dos Hospitais de Base, uma vez que filha de militar e ex- esposa de militar, e estas instituições sempre foram muito fechadas.
Esta notícia tráz ares renovadores, isso é muito bom, e deveria ser um exemplo para que os demais Hospitais de Base, da Marinha e do Exército de todos os estados seguissem o exemplo; via "COMANDO" federal, pois sabemos que na vida militar existe esta centralização federal, e que neste caso seria muito frutífera.
Parabéns !!
Shirley Monteiro.