Política Nacional de Humanização marca presença em congresso internacional
As políticas públicas de humanização tem estimulado a humanização nos serviços de saúde?
Esta pergunta iniciou um importante diálogo tripartite entre o novo coordenador da PNH Fábio Alves e as representantes da humanização Eliana Ribas (SEcretaria Estadual de Saúde-SP)e na SMS Regina Tiveron (Secretaria Municipald e Saúde – SP), durante o Congresso Internacional de Humanidades e Humanização da Saúde, em São Paulo-SP.
O gestor e médico sanitarista questionou o que as pessoas tem considerado como humanização da saúde, e delimitou três temas importantes para qualquer ação da Política Nacional de Humanização. No que se refere à gestão, criticou o modelo taylorista e a verticalidade nas instituições, que se dizem humanizadas, mas não abrem espaço para as relações de poder entre gestores e trabalhadores. " A PNH exige democratizar as relações, e requer postura radical para se alterar as relações de poder", afirmou ele, citando o apoio da PNH a diferentes instituições como o IFF-RJ, e também aos municípios da Grande Vitória – ES, entre outros. Um segundo tema importante para se articular ações de humanização está na alteração da "alma do SUS", ou seja o modelo de atenção, por meio da clínica ampliada que não enquadra as pessoas a um diagnóstico, mas considera a vida e as relações de cada indivíduo e sua influência no processo de cuidado. Ele reafirmou que não faz sentido fazer reunião de equipe se , no dia a dia do cuidado os profissionais de saúde não conseguem trabalhar juntos. Ele ainda provocou os participantes (que lotaram a sala durante a apresentação) propondo que o direito dos usuários seja libertador e visto não como um consumo dos equipamentos de saúde, mas na perspectiva da integralidade no SUS.
Confira um trecho da fala do novo coordenador da PNH:
As representantes da humanização lembraram que tanto estado como município de São Paulo tem legislação específica sobre a humanização, a Política Estadual de Humanização e a Política Municipal de Humanização. Ribas ressaltou que o estado tem que dar condições para a humanização nos municípios , que vão materializar a política nos serviços de saúde. Regina Tiveron lembrou a importância da indissociabilidade entre atenção e gestão, e também dificuldades como o monitoramento das ações de humanização e fragilidade da formação dos profissionais .
A estudante da Unifesp Gisele problematizou que não basta a humanização ter cadeira formal nas três instâncias de governo pois há muita fragmentação e orientações de cima pra baixo, com alienação dos trabalhadores, adoecimento de falta de cuidado .
Comunicação, humanização e cuidado no SUS
No primeiro dia do Congresso, o apoiador da PNH e professor da Faculdade de Medicina da USP Ricardo Teixeira fez um resgate histórico sobre a comunicação em saúde no universo da humanização, explorando a relação intrínseca entre comunicação e humanização. Ele citou a PNH, pois os sentidos de humanização trazem consigo uma redefinição da ideia de comunicação, com mudança de paradigma pois comunicação não é só transferir informação, mas fomentar a potência de ação coletiva. A Rede HumanizaSUS é uma estratégia potente para a comunicação e humanização do cuidado. Com mais de 40 mil acessos por mês, a Rede HumanizaSUS é hoje a principal rede social voltada para os processo de humanização no país. Ouça abaixo o comentário do apoiador da PNH Ricardo Teixeira :
Ainda no primeiro dia do congresso, a apoiadora da PNH no Rio Grande do Norte, Georgia Sibele, ressaltou o lugar da morte e espiritualidade como dimensões importantes no ensino e nas práticas de cuidado em humanização, e propôs a prática de um Projeto Terapêutico Singular diante da morte. "Como pensar o cuidado integral sem pensar o processo morte? A dor insuportável é aquela que não é cuidada, e os alunos das faculdades de saúde precisam compreender seu papel de cuidador diante da morte", afirmou a professora , que participa da pesquisa multicentrica sobre o apoio da PNH na região nordeste do Brasil e coordena o mestrado profissional em Saúde da Família ( Universidade Federal do Rio Grande do Norte), onde a humanização é um eixo do cuidado transversal.
O Congresso Internacional de Humanidades e Humanização em Saúde foi realizado nos dias 31 de março e 01 de abril. O evento recebeu trabalhos de diversas como o que destaca o acolhimento, a humanização do parto e o cuidado do cuidador no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia- UFU. Outro trabalho apresenta iniciativas que contemplam a implantação dos dispositivos do HumanizaSUS no Hospital das Clínicas da Unicamp, como a ouvidoria, visita aberta e o grupo de trabalho de humanização. Os trabalhos apresentados serão publicados no link www.congressohumaniza.com.br.
O Congresso foi o primeiro evento oficial do novo coordenador da PNH Fábio Alves, que possui ampla experiência em gestão municipal é professor da Universidade Estadual de Campinas, e deve ser nomeado pelo Ministério da Saúde nos próximos dias.
Por fabiobhalves
Olá pessoal.
Foi um bom momento de discutir a Política de Humanização.
Estivemos presente produzindo interlocução, reflexões e analisando os caminhos para a intervenção … significando a HUMANIZAÇÃO nos processos de mudança.
Estive considerando que o cotidiano dos Serviços de Saúde apresenta-se como uma multiplicidade de ações criativas induzidas pelos movimentos dos Usuários, Trabalhadores, Gestores e Movimentos Sociais.
Já não não me prendiria somente a perguntar se há mudanças a partir da política, mas como também estariam as políticas e os seus propósitos nas transformações operadas pelos sujeitos na produção da Gestão e no Trabalho em Saúde.
Um bom debate com bela possibilidade de diálogo com o grupo presente.
Quero referenciar a presença solidária e institucional de Ricardo Teixeira e Mariella.
Contamos com a participação de Eymar Mourão de Vasconcelos no sala de debates.
Saudações de Fábio BH e até a VITÓRIA!!!