“Eu cheguei a beirar a depressão”, afirma mãe após passar por parto desumanizado
"Eu cheguei a beirar a depressão", afirma mãe após passar por parto desumanizado
Vivenciar o nascimento de seus filhos de forma segura, ativa, participativa, respeitadas as suas decisões acerca de como, quando e onde parir, são algumas das características que envolvem o Parto Humanizado.
Esse era o desejo de Natasha Tavares, quando planejou realizar o parto natural em sua própria casa. Após estudar e pesquisar acerca do universo que envolve o parto, a jovem conheceu a realidade obstétrica atual e se assustou com o nível de violência e intervenções desnecessárias que são realizadas diariamente no corpo de mães e bebês, em hospitais e maternidades espalhadas por todo país. “Eu não queria passar por aquilo, não queria que minha filha passasse por coisas desnecessárias, que seriam dolorosas para ela”.
Natasha foi construindo durante toda a sua gestação, a possibilidade de realizar o parto domiciliar, dentro dos princípios do parto humanizado. “Eu me senti muito segura para isso. Seria num espaço onde eu teria o domínio de onde aconteceria as coisas, diria o que eu permitiria ser feito no meu corpo, e com o corpo da minha filha”.
Entretanto, os planos não aconteceram como havia previsto. A mãe entrou em trabalho de parto em casa, mas depois de dilatar quase 10cm, teve uma parada de progressão. Por conta do ocorrido, teve que ser levada ao hospital para concluir o trabalho de parto.
Ao chegar ao hospital, Natasha sentiu na pele toda a frieza da desumanização: sofreu várias violências, desde a obstétrica até psicológica, além da censura de informações de vários funcionários. “Chamaram a gente de doidos, que colocamos a vida de nossa filha em risco, o que não era verdade”.
Ao final, Natasha teve que realizar a cesária e, após o parto, chegou a ficar cerca de 4 horas longe de sua filha, momento mais esperado por ela após toda a gestação. “Eu cheguei a beirar a depressão, por tentar lidar com esse choque que eu tive”.
Inconformada, a mãe decidiu que queria se dedicar a ajudar outras mulheres a encararem esse modelo obstétrico e iniciou um curso de formação de doulas. “Eu resolvi que queria ajudar outras mulheres a se empoderarem, a conseguirem parir com respeito e a não ter que passar por toda a dificuldade que nós (ela e a bebê) passamos”.
Natasha, junto com amiga e colega de classe do curso de doula, Nina Schubart, e seus bebês, foram prestigiar a atividade Humanização do Parto e Nascimento na SES-DF: Nosso Compromisso, realizada na Casa de Parto de São Sebastião, Brasília-DF, pela coordenação da PNH-DF.
O evento integra as mais de 700 atividades da Semanada Nacional de Humanização, realizadas em todo o país, entre os dias 7 e 11 de maio, promovidas pelo Ministério da Saúde.
Veja o vídeo: