Conversando com os usuários e os trabalhadores, e escutando suas histórias/Semana Nacional de Humanização

Hoje (11), pela manhã, aconteceu no HILP uma roda de conversa sobre os direitos dos usuários da saúde, envolvendo aproximadamente, 75 pessoas, entre usuários e trabalhadores, como parte da programação da Semana Nacional de Humanização do estado do Piauí.

O evento aconteceu no espaço do ambulatório, onde foi disponibilizada uma tenda com uma cadeira para acolher os participantes que quisessem compartilhar suas vivências enquanto usuários e trabalhadores do SUS. Vários usuários e trabalhadores tomaram assento na cadeira fazendo suas narrativas, numa reverberação de protagonismo e de subjetividades.

A ideia era  provocar um debate com foco nos direitos dos usuários da saúde, com o objetivo  de ampliar o conhecimento sobre o SUS, sobre os direitos dos usuários, numa perspectiva de fortalecer as relações entre os profissionais e os usuários, e o controle social sobre o atendimento no hospital.

A primeira atividade na tenda foi uma discussão conduzida pela Elzirene Andrade (Fisioterapeuta do CEREST), sobre as doenças causadas  por esforços repetitivos, no intuito de alertar tanto os trabalhadores, quanto os usuários,  para uma das doenças  mais freqüentes no trabalho, abordando o cuidado adequado para evitar as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho.

Na sequência,  Narciso (Psicólogo) fez uma reflexão sobre a humanização nas relações interpessoais, seguida de uma dinâmica relacional, que colocou os usuários em interação com os trabalhadores e vice versa.

A seguir,  trabalhadores e usuários foram convidados para ocuparem uma cadeira que se encontrava na tenda, e compartilharem suas  histórias vivenciadas no contexto do SUS.

Bernarda, mãe da Bruna Gabriela (8 anos),  falou da dificuldade de acesso ao Programa de Medicamento Excepcional, para recebimento dos medicamentos do filho. Por diversas vezes teve que comparecer ao programa, e a cada comparecimento eram solicitados documentos  considerados necessários, pelo médico que trata o filho. Sentiu-se descriminada no atendimento. Disse que sofreu muito. Teve que pedir apoio à assistente social do programa para conseguir a medicação. Informou que desde os 3 anos de idade, o filho faz tratamento no hospital, e sempre foi bem cuidado. Se desentendeu  algumas vezes com profissionais da área de enfermagem, no inicio do tratamento, porém atualmente, não tem do que se queixar quanto ao atendimento do filho.

D. Maria Soares, avó do Lucas (12 anos), que encontra-se internado no HILP, falou da boa relação que tem com os trabalhadores e do bom atendimento recebido pelo neto  por parte dos cuidadores.

Maria de Jesus, trabalhadora da ouvidoria, falou que é usuária do SUS, e considera o SUS um plano de saúde eficiente. Informou ter sido atendida por diversas vezes, com consultas e realizações de exames de alta complexidade, e não tem queixas sobre o atendimento recebido. Pediu uma salva de palmas para o SUS.

Também ocupei a cadeira e compartilhei uma experiência vivenciada no Serviço Social.

Há alguns anos, antes da implantação do serviço de regulação do sistema no hospital, uma usuária que não conseguiu atendimento, compareceu ao setor solicitando nossa mediação para o atendimento médico do filho. No ambulatório, consegui um atendimento extra para o pequeno usuário. Horas depois, a usuária chegou à sala do Serviço Social,  devolvendo a receita médica argumentando que não ia confiar na medicação prescrita, uma vez que o médico, além de não ter tido a atenção de ouvir todas as suas queixas, não tocou no filho. “Parece que o Dr. estava com nojo do meu filho”, desabafou. Meses depois, o caso foi discutido  numa das reuniões científicas disparadas pelo GTH, com o propósito de discutir os direitos dos usuários com a equipe médica e outros profissionais.

Em seguida, fizemos uma discussão à luz da Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, analisando cada princípio, fazendo a palavra circular entre os participantes, qualificando o debate sobre o tema. No local foram disponibilizados vários banner com os principais princípios da carta.

Na tenda foi disponibilizado um pote de cerâmica, autoria da Cristina (assistente social) com várias mensagens sobre o SUS e sobre a PNH, coladas num pirulito, para distribuição aos participantes, que ao retirarem a mensagem faziam a leitura do texto.

Finalizando as atividades, foi realizado sorteio de 20 brindes para os usuários e os trabalhadores, seguido de um lanche com direito a bolo confeitado. E com esta atividade  foi encerrada a Semana Nacional de Humanização em Teresina, com um saldo bastante exitoso.