Grupo de Trabalho de Humanização
A 2ª edição da cartilha “Grupo de Trabalho de Humanização” lançada em 2012 pelo Ministério da Saúde traz uma reflexão sobre a importância da humanização enquanto valorização de todos os envolvidos no processo de produção da saúde. A partir de exemplos exitosos e concretos no cenário do SUS, a Política Nacional de Humanização defende a inclusão de dispositivos e tecnologias que promovam desenhos organizativos democráticos e sustentáveis. Também enfatiza a relevância da formação de Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) como dispositivo de fomento ao protagonismo e corresponsabilidade nos processos de produção de saúde, que promova a melhoria dos processos de trabalho e a qualidade da produção de saúde. Ressalta a importância de conceber o próprio trabalho em si como um espaço vivo que pode ser analisado e, sobretudo, transformado; e um GTH pode ser o catalisador dessas leituras da realidade e de propostas da construção do SUS que de fato queremos.
A formação de um GTH não deve se restringir aos serviços que lidam diretamente com a assistência aos usuários da saúde, pois as instâncias da gestão da saúde também podem e devem utilizar este dispositivo como promotor de melhorias do processo e sustentabilidade do trabalho. O GTH deve constituir-se um espaço de confiança para que os participantes possam expor conteúdos subjetivos sobre como percebem o processo de trabalho, as relações estabelecidas e sua implicação nesse contexto. Além de o grupo representar um espaço de reflexão sobre a implicação de cada um, das relações estabelecidas e do próprio processo de trabalho em si, também lança propostas e planos de ações para a transformação e/ou melhoria do trabalho. Através da transversalidade procura consolidar vínculos, redes e fomentar a noção de corresponsabilidade entre os atores sociais que compõem o Sistema Único de Saúde(SUS), os usuários, trabalhadores e gestores. Como os GTH’s têm como missão a reflexão coletiva do próprio processo de trabalho, na qual críticas, sugestões e proposições devem ser democraticamente acolhidas e consideradas, faz-se necessário a participação nestas reuniões de todos os profissionais implicados neste processo, usuários, trabalhadores e gestores, promovendo a consolidação da tríplice inclusão.
Algumas reflexões e questões disparadoras são estimuladas a serem debatidas entre os GTH’s, tais como as parcerias intra e intersetoriais necessárias para a melhoria da oferta do serviço e/ou gestão, como se dá a valorização de cada trabalhador na resolução de problemas cotidianos e na proposição de modificações, qual a implicação dos usuários e comunidade, como são definidadas as decisões da instituição (de forma autoritária e centralizada ou de forma compartilhada e democrática), por exemplo.
Propor a reflexão, a problematização e o protagonismo da construção de melhorias para o processo de trabalho é um desafio permanente para os GTH’s, que para alguns parece ser inatingível, no entanto, considero que o fato de promover espaços democráticos de fala/escuta, de acolhimento, estimula a confiança entre os participantes, a liberdade para o compartilhamento de tensões, o aprendizado da mediação e negociação e formulação de proposições e, sobretudo, de mudanças individuais e coletivas.