“Código de ética para a MÍDIA BRASILEIRA” – Já passou da hora! – MST, relato de experiência.

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Nesta semana, Erasmo Ruiz escreveu este post: Laranjeiras e Elton Brum, https://redehumanizasus.net/node/8392, contando sobre a morte de mais um integrante do MST e a forma indiferente como a mídia relata o caso. Naquele post, compartilhei a seguinte experiência em comentário:
“Em 1997, em uma universidade particular onde eu estudava, abriram inscrições para projetos de pesquisas. Surgiram os mais variados, e eu propus conhecer mais sobre a realidade do MST. Na época, o projeto passou por etapas de avaliação e causava certo estranhamento, em se tratando da instituição (ofereceram-me para participar de outro, da instituição em umas das vilas da cidade – até me inseri nesse tbém, mas puro assistencialismo). Como não desisti, o meu foi aprovado.
Realizei  "pesquisa de campo com os acampados da Fazenda Alvorada em Júlio de Castilhos/RS" – bem conhecida por aqui (RS). E, tive a oportunidade de estar durante 1 ano acompanhando "semanalmente" o processo de assentamento naquele local. Foi uma experiência sem igual. O difícil foi conseguir mais 3 colegas que topassem esta comigo. Imagine a cena, todos os sábados ou nos domingos – íamos de Opala (!) do sogro de um colega! Eu deveria ter mudado meu curso de graduação para Ciências Sociais (uma ideia ainda possível)! Informações distorcidas pela mídia? Triste a nossa realidade de mídia, eles não distorcem somente sobre os Sem Terra! Banalização da morte?! Mal do século 21: a indiferença? Daqui a pouco "luto" vai ser demodê! Até quando nós vamos com tudo isso?”
Lembro de se tentar a elaboração de um "código de ética" para a mídia no Brasil, há alguns anos atrás! Onde será que está aquele projeto??
Sem emitir qualquer julgamento, para complementar, disponibilizo aqui o resumo de minha pesquisa, publicado nos anais do I Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFRA (atual UNIFRA/RS), do ano de 1997 (talvez interesse e leia-se que este assunto está "pra lá de encoberto há anos" – MST – um "mito debaixo do tapete" nas "Casas de Coronéis"! Isto é o que penso. Desculpem aqueles que pensam diferente.)
 
MST – Um problema sócio-político-econômico
            A pesquisa foi realizada durante dois semestres, na fazenda Alvorada, pertencente ao município de Júlio de Castilhos. Podemos dividi-la em dois momentos: no primeiro, realizou-se um trabalho de reconhecimento das famílias acampadas, incluindo a infra-estrutura do acampamento, condições de saúde, alimentação e ensino, com o objetivo de conhecer melhor a situação do MST como um problema de exclusão sócio-político-econômica; no segundo, após a transferência daquelas famílias para Santo Antônio das Missões e Bagé, permanecendo apenas os assentados, tivemos a oportunidade de comprovar a integridade das intenções do movimento, assim como conhecer seus lotes de terras produtivas e entraves político-econômicos. Foram realizadas atividades como orientações de saúde e saneamento, ações preventivas à pediculose e verminose. Além disso, o grupo coletou amostras d’água de dois açudes, a fim de examinar a água… (etc)
 
            Esta foi uma pesquisa de campo sem igual na minha vida. Lembro-me lembro da escola itinerante (na qual tivemos igual oportunidade de experienciar), lembro das faces das crianças,… são tantas imagens que guardei aqui na memória! Inesquecível. Nada melhor para conhecer do que “irmos até aquilo que queremos…”. Não vou julgar, só estou contando a vocês o que vivi. Muito se perdeu ao longo desses anos, descaracterização do movimento dos Sem Terra? Como? Quem vai atirar a primeira pedra? Vai saber!