Humanização repercute o Caso Torres na grande imprensa
A articulação de discussão do tema na grande mídia foi uma das ações da equipe de comunicação da PNH durante a Semana Nacional de Humanização.
O texto produzido pela apoiadora da PNH, Cleusa Pavan, e por Fábio Alves, que assume a coordenação da PNH em breve, teve repercussão no Correio Braziliense, jornal de maior circulação em Brasília-DF, na coluna Opinião.
Além disso, o texto também foi reproduzido no site do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde(CEBES).
Leia abaixo o texto na íntegra.
Caso Torres e a judicialização do parto
"O cotidiano da vida tem apresentado questões que mobilizam afetos e expõem valores de cada pessoa ou de determinado conjunto delas. A todo o tempo, somos motivados por interesses, que podem entrar em conflito, ultrapassando a capacidade de diálogo e gerando imposição de valores de determinados grupos sobre outros. E espera-se que as instituições possam mediar essas relações, equilibrando as forças e o poder na sociedade. Entretanto, as próprias instituições, muitas vezes, são impedidas de cumprir suas funções essenciais, pois são compostas e operadas por pessoas — igualmente atravessadas por forças em conflito.
A instituição saúde não escapa de tal conformação. Disputas de interesses, diversidade de valores ético-políticos, poder acentuadamente localizado em alguns grupos mais do que em outros, formas de organizar o trabalho e maneiras de atuar do trabalhador da saúde em contraposição às necessidades e expectativas dos usuários ou pacientes, tudo isso desloca a saúde do cumprimento de seu papel social, ou pode produzir equívocos comprometedores da saúde física ou psíquica das pessoas.
Este é um tema por excelência da Política Nacional de Humanização (PNH): os modos de se organizar processos de trabalho para produzir saúde num registro em que interesses e necessidades sejam discutidos, levados em consideração, pactuados e co-responsabilizados. Temos no Caso Torres boa oportunidade para considerar o quanto a PNH pode contribuir para que o cuidado em saúde se faça respeitando não apenas os critérios técnicos responsáveis pela defesa e preservação da vida dos usuários, mas também respeitando os jeitos dos usuários quererem estar no processo de atenção, na condução de seu tratamento, nos partos e no nascimento dos filhos etc.
Não podemos aceitar que forças corporativas das profissões em saúde sejam as únicas a determinar o processo de trabalho envolvido na atenção em saúde. Entendemos que as pessoas têm buscado diversas alternativas nas ciências e nos diferentes saberes para produzir novas relações corpo, mente, sociedade, vinculação.
A PNH investe nas ações em saúde que legitimam espaços de escuta qualificada e compreensão das pessoas em suas formas de viver e desejar o que consideram bom para a própria vida. Investe, enfim, em relações que possam fundar modos de comunicação baseados no compartilhamento de interesses, necessidades e desejos e na inclusão e processamento dos conflitos que advêm dessa ação de criar um comum entre os sujeitos de maneira democrática.
A humanização do SUS reafirma, articula e propõe ferramentas para incentivar ou produzir melhorias na clínica dos Trabalhadores da saúde, ferramentas para o desenvolvimento de uma clínica ampliada e compartilhada com discussão em equipes multidisciplinares e construção de projetos terapêuticos singulares, numa relação respeitosa e honesta.
Por seu lado, estamos também na defesa dos direitos dos usuários, potencializando mecanismos éticos-políticos que os assegurem e os protejam de determinações que influenciam uma assistência em saúde de qualidade ruim ou equivocada.
A PNH propõe relações que ampliem os graus de sociabilidade e contribuam com a produção de subjetividade com respeito à diferença, elaboração de conflitos e, fundamentalmente, intercessões em favor da produção da justiça social no setor saúde.
O caso do hospital do município de Torres (RS) abre precedentes para continuarmos a pensar a atenção ao parto. Realizaremos a Semana Nacional de Humanização, entre 7 e 11 de maio, mobilizando cerca de 50 mil pessoas em todo o país, com mais de 725 atividades cadastradas na programação, em mais de 185 cidades de todos os estados brasileiros.
Vamos garantir intensa mobilização, colocando em análise o tema, resguardando a integridade e os direitos das usuários, trabalhadores e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), propondo lógicas institucionais democráticas e participativas, incluindo e dialogando na direção da produção de um bem comum. Façamos desse momento o nosso ato político."
*Ilustração:Ana Muriel
Por fabiobhalves
Que bela intervenção articulada da Comunicação da PNH. Indicação sensível de Mariella e Sheila.
Processo que se iniciou com a apreensão do Coletivo Sul e culminou com a necesdidade de manifestação da PNH sobre o tema. Construiu-se um texto.
Saudações de Fábio BH e até a VITÓRIA!!!
( Coordenador da PNH )