Faço parte do SUS que dá certo – Gilmara dos Santos Costa

“Meu trabalho isolado faz a diferença no SUS, mas não é o suficiente. É preciso fazer par-te de um coletivo fortalecido”. Esta é a opinião da enfermeira Gilmara dos Santos Costa, natural de Bragança– PA e que há onze anos trabalha com a saúde pública. Graduada pela Universidade Federal do Pará em 2003, saiu de lá direto para atuar na Estratégia de Saúde da Família da 305 Norte em Palmas – TO .

Como profissional do SUS, ela acredita que é preciso reinventar a forma de se fazer e produzir saúde a cada dia, superando a desvalorização do trabalho, a falta de infraestrutura e equipamentos adequados e principalmente a visão engessada dos gestores que não se veem como parte do processo de produção de saúde. “ Por mais que os gestores tenham a visão de que há pro-gramas que devem ser desenvolvidos, nós trabalhadores muitas vezes fazemos um es-forço extra aos fins de semana e até à noite. O gestor pode achar que se cumprimos a meta está ótimo, mas precisa se atentar para o processo de trabalho que envolveu o cum-primento dessa tarefa”, disse. Ela explica que boa parte de seu trabalho ultrapassa as oito horas diárias, para facilitar a ida do usuário ao serviço de saúde. Há o grupo de acompanhamento do pré-natal das gestantes, que acontece no fim de semana, e à noite o grupo de saúde do homem e a coleta de preventivo do câncer de colo de útero— horários alternativos para facilitar a vida dos usuários que estão no trabalho durante o horário comercial.

Sua motivação para o trabalho está na melhoria das condições de saúde da população, com mudança de hábitos e um novo olhar dos colegas de trabalho e comunidade em relação ao SUS. Defensora do trabalho em equipe, ela conta com orgulho que seu serviço de saúde foi a primeira unidade da capital a implantar a classificação de risco, graças a uma equipe que se propôs a reavaliar seu processo de trabalho para mudar seus hábitos de cuidar. “É preciso ter forças para incentivar e conscientizar a equipe e a comunidade de que vale a pena lutar por um SUS mais humanizado, acolhedor e resolutivo. Nós é que vamos mu-dar o SUS, e vamos envolver os gestores quando o trabalho em equipe e o controle social forem fortalecidos”.
Ela afirma ainda que a equipe tem trabalhado para que a unidade de saúde seja a porta de acesso do usuário ao SUS com uma escuta qualificada, serviço acolhedor, resolutivo e comprometido. A Gil e eu filho Tiago, de cinco anos, são usuários do SUS. Como usuá-ria, ela busca convocar os usuários para participar da tomada de decisão nas reuni-ões de equipe, e acredita na importância da realização de rodas de conversa como espa-ços protegidos para os trabalhadores discutirem sobre seu trabalho, bem como na atua-ção do Conselho Local de Saúde junto aos gestores. “Todos esses espaços favore-cem o diálogo como exercício da transversalidade e da gestão compartilhada e produzem o SUS que dá certo. Na minha comunidade, já há resultados das novas práticas de saúde e como elas melhoram o acesso aos serviços, o fortalecimento e envolvimento do trabalha-dor, usuário e gestor nas ações”, finaliza ela que, com todo esse zelo para com o trabalho em equipe está em transição para um cargo de gestão: ela vai coordenar 18 equipes da ESF na região norte da capital.
Bom trabalho coletivo, Gil!

Faço parte do SUS que dá certo 

Desde a metade de 2012, o informativo da PNH az uma coluna chamada Faço parte do SUS que dá certo, disponível também  na Rede HumanizaSUS. Todo o conteúdo produzido será transformado em posts da Rede, o que amplia a divulgação do trabalho e da história de vida de quem contribui para a humanização do SUS. A cada edição, é possível  conhecer trabalhadores, gestores e usuários do SUS que contribuem para o SUS que dá certo.

E são os leitores que sugerem quem vai ser entrevistado a cada edição!

Portanto, se você conhece alguém que trabalha no SUS, é usuário ou gestor e faz a diferença no SUS, conte pra gente!  Envie um e-mail para [email protected], com as informações do seu indicado e seus contatos.