Faço parte do SUS que dá certo – Christine Ranier Gusman
Ela conheceu o SUS na Faculdade de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, quando precisou defender o sistema público de saúde numa dinâmica de júri simulado. Leu, estudou e se apaixonou pelo SUS, até então desconhecido e distante dela. Hoje, é professora da Universidade Federal do Tocantins e repassa aos futuros profissionais da saúde todo seu encantamento e militância por um serviço público de qualidade e acessível a todos os brasileiros.
“Eu trabalhei em hospital privado, e aí me apaixonei mais ainda pelo SUS, pois o privado é muito excludente. Se a saúde está como direito na constituição, como vou comercializar isso? Já tive plano de saúde, e vi que não fazia sentido. Todas as vezes que eu precisei, tive que ir no hospital público” afirma a mestre em saúde pública e especialista em enfermagem obstétrica Christine Ranier Gusman . Por opção, militância e paixão, sua família não tem plano de saúde. Ela, o marido e os três filhos são referenciados na unidade bási-ca mais próxima de sua casa em Palmas – TO. Segundo ela, não tem sido uma decisão fácil, e requer disposição. “ Nas emergências vamos ao pronto atendimento, procuro estar por dentro dos serviços, fluxos, problemas e discussões da comunidade”, disse a docente.
Muito animada, ela leciona desde 2007 na universidade pública e segundo ela, não falar do SUS para seus alunos é impensável.
“Estou num curso na área de saúde. A legislação do SUS diz que inclusive os serviços privados devem se submeter ao SUS. Por exemplo, a lei do direito ao acompanhante não é só para instituição pública, as normas de vigilância sanitária, enfim, tento passar para os alunos que o SUS está todo o tempo nas ações do profissional de saúde”, afirmou ela, que antes de trabalhar com os alunos de enfermagem, ministrou aulas para os alunos do curso de medicina. E dessa época, se lembra de um desafio “A maioria dos alunos não sabia o que é um conselho de saúde, nem tinha ouvido falar! Veja o grau de desconhecimento das pes-soas que estão mergulhadas em leituras na área da saúde!”. E para desconstruir a imagem que a mídia fixou na cabeça dos alunos, ela sempre solicitava uma redação sobre o que é o SUS e apontava o outro la-do, com textos, vídeos, legislação, produção coletiva”, afirma, orgulhosa.
Junto com o consultor da PNH Sérgio Aragaki, na época professor em Palmas, cuidou de um curso de residência multiprofissional e ambos ado-taram a PNH como base desse curso, entre 2009 e 2011. Em parceria com a SES e SMS, formaram 19 residentes em saúde da família e comunidade. “Tentamos transversalizar a PNH dentro das disciplinas e os alunos vissem o movimento da mudança, e entendessem seu papel . Ora, nem tudo eu preciso do gestor, posso to-mar decisões em equipe”, disse.
Ela, que nunca trabalhou diretamente no SUS, vê nos princípios, diretrizes, dispositivos da PNH uma importante ferramenta de justiça social. Sua rotina de trabalho inclui as aulas na gradua-ção, a condução de uma pesquisa sobre as parteiras tradicionais e o parto domiciliar no estado do Tocantins. Além disso, representa a UFT no Grupo de Trabalho de Humaniza-ção do estado e também no Fórum Perinatal. Segundo ela, um dos principais desafios do SUS é o desconhecimento, a alienação e as distorções conceituais e práticas sobre o SUS, por parte dos acadêmicos, professores, profissionais de saúde e usuários.
“Ao mesmo tempo, esta é a mola que nos impulsiona a buscar estratégias para descons-truir e reconstruir conceitos e práticas em saúde”. E finaliza: “Me sinto parte do SUS que dá certo, até porque o ‘dar certo’ será sempre uma eterna construção”, afirma a professora, que ano passado, divulgou um lindo relato sobre a gravidez, parto e pós parto de seu terceiro filho. Vale a pena ler e se emocionar com a história do Francisco, filho da Chris, e o SUS.
Faço parte do SUS que dá certo
A PNH possui um informativo eletrônico, o e-PNH, enviado periodicamente por e-mail aos participantes das listas de discussão da PNH e acessível também neste link na Rede HumanizaSUS. Desde a metade de 2012, esse informativo traz uma coluna chamada Faço parte do SUS que dá certo, que estará disponível também na Rede HumanizaSUS. Todo o conteúdo produzido será transformado em posts da RHS, o que amplia a divulgação do trabalho e da história de vida de quem contribui para a humanização do SUS. A cada edição, é possível conhecer trabalhadores, gestores e usuários do SUS que contribuem para o SUS que dá certo, indicados pelos leitores!
Se você conhece alguém que faz parte do SUS que dá certo, indique pra gente!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Reafirmamos o convite do e-pnh aos que conheceram ou querem conhecer e participar deste reencantamento do SUS!