O debate proposto pelo fisioterapeuta Miguel López, em seu blog TuFisio.net (https://tufisio.net/), é bastante amplo e pertinente. Um tema que envolve não apenas profissionais da área de saúde mas também familiares e cuidadores.
Seguem abaixo alguns trechos do artigo:
"Muitos idosos são dependentes, perdem sua capacidade funcional, necessitam de ajuda para cuidados pessoais, alimentação, fazer suas atividades de vida diária, evitar quedas… e às vezes expressam suas emoções através de choro ou outras condutas, porque não sabem (ou não podem) expressá-las de outra maneira.
Quando digo que podem ser comparados à crianças, é apenas no bom sentido da palavra. De fato, tanto crianças quanto idosos, necessitam de cuidados, atenção, paciência, carinho, compreensão e muita habilidade para lidar com eles. Mas sempre devemos lembrar que as pessoas idosas têm uma história de vida e de superação de dificuldades.
Um artigo muito comentado esses dias (link: https://www.huffingtonpost.es/2014/04/19/hablar-a-los-mayores-como_n_5178889.html#), também se refere ao tema em questão. Linguagem e tratamento infantis como formas pouco recomendáveis de nos comunicar com as pessoas idosas, sobretudo em situações de dependência. Algumas pessoas até consideram isso como uma forma de maltrato. Segundo esse artigo, utilizar diminutivos em excesso, usar um tom de voz infantil, falar continuamente em um tom muito alto, não levar em consideração o que o idoso diz, uso de muitos termos afetivos, não são boas formas para conseguir uma boa comunicação com eles.
É certo que, às vezes, existem idosos que necessitam de uma adaptação em nosso vocabulário e uso de linguagem diferenciada para que haja entendimento: falar mais alto se não escuta bem (mas podemos nos aproximar e falarmos em tom normal), elaborar frases curtas para que o idoso processe mais rápido e melhor a informação, utilizar termos carinhosos ou afetivos se for reconfortante para a pessoa e talvez assim conseguimos arrancar um sorriso. Mas impor nossos critérios sem escutá-los, tratá-los como se não fossem capazes de fazer absolutamente nada por si mesmos, recorrer a frases com diminutivos, apelativos carinhosos ou até mesmo piadas (nem todo mundo gosta disso), ou considerar que reclamam muito porque eles estão "cheios de doenças da idade" pode gerar desconforto e causar, ou potencializar, uma barreira que dificulta a sua colaboração."
Texto original: Mitos en personas mayores: Son como niños? (https://tufisio.net/mitos-en-personas-mayores-son-como-ninos-trato.html)
Acredito que os idosos não são como crianças e também não devem ser tratados como tal. Até mesmo essa comparação poderia ser evitada. Considerá-los e tratá-los como crianças são atitudes que vão de encontro a sua dignidade. Devemos sim adaptar a linguagem, encontrar outras maneiras mais adequadas para uma boa comunicação, tratar com carinho… mas não precisamos "infantilizar"!
E você, qual a sua opinião sobre o assunto?
Por Marcelo Dias
Me perguntei: "por que temos então a tendência de infantilizarmos o idoso?"
E o seu artigo me trouxe algumas possibilidades de resposta.
A identificação que fazemos com a criança seria quanto aos cuidados associados à "incapacidade física". Esquecemos que o idoso tem uma história. E nesse ponto penso na questão do acolhimento.
Se conseguimos fazer um bom acolhimento, nos daremos conta de que aquilo que a criança não consegue dar conta é devido a algo que ela AINDA não possui, um vir a ter. E quanto ao idoso, nos daremos conta que ele já teve e PERDEU.
Será que nós preferimos tratar o idoso como criança para não pensarmos naquilo que um dia perdemos ou que iremos perder? Talvez seja menos angustiante acharmos que não perdemos ou perderemos nada e que um dia teremos, como as crianças.
Obrigado pela provocação,
Marcelo.