MÓDULO VI – Espiritualidade e Saúde, Tutora: Luzia Prata, Texto: Espiritualidade na Educação Popular em Saúde – Eymard Mourã
Neste módulo tivemos a oportunidade de assistir diversas palestras concernentes à espiritualidade. Em uma delas ouvimos de Inês Marcelino que a espiritualidade e uma dimensão da pessoa humana; é transcendental. Não é monopólio da religião, disse ela citando Leonardo Boff. Fala que é a capacidade de diálogo consigo mesmo; compaixão; preocupação com o outro; que devemos dar espaço para a religiosidade, espiritualidade e não para uma religião.
João, um dos alunos, disse que espiritualidade é apaixonante; na prática pode aproximar médico do paciente.
Falando em Educação Popular em Saúde, vários aspectos importantes foram citados:
– Pensar projetos educativos “com” as comunidades e não “para” elas.
– Consciência crítica
– Autonomia das pessoas
– Valorização dos saberes
– Conjunto de saberes e vivências que se opõem a situação de opressão e exclusão social existente, apostando no inédito viável.
– Horizontalidade entre saberes populares e técnico-científicos.
– Superação das desigualdades sociais e de todas as formas de discriminação, violência e opressão.
Luciano Bairros cita José Saramago – Evangelho segundo Jesus Cristo – ele era ateu, a espiritualidade é inerente ao indivíduo, a nossa história de vida.
Inês fala em trabalhar tudo isso com a saúde (sentimento, identidade, cultura, crenças, fé, formas de vida, valores, conhecimentos, saberes,…); é preciso dialogar com as diferentes realidades, não pode causar ruptura; criar elos. Ela diz que devemos exercitar a escuta profunda do outro / respeito a individualidade. Agir com despojamento; sentir o outro e não colocar-se no lugar do outro. Os diálogos devem produzir encontros. Olhar (visão holística, olhar mais amplo) sentindo (causa comprometimento) a situação junto com o outro (sujeito ativo de sua vida); além de enxergar. Diz que a espiritualidade nos compromete conosco e com o outro. Estamos em um mundo com muito barulho, confusão,… Faltam escuta, silêncio, interiorização.
Cledja Núbia, aluna, cita o texto Amorosidade – permitir que o afeto se torne elemento estruturante da busca pela saúde.
Rosário Portella (Consultora da PNH/MS, Região Norte) diz que espiritualidade é saber lidar com a variabilidade.
Na palestra da índia Graciliana (Chucuru-Cariri, Palmeira dos Índios/AL) ela diz que não considera o termo Técnicas Integrativas, e sim Práticas de Saúde. Não podemos tratar o outro bem se não estivermos bem conosco. Podemos fazer escolhas e ter atitudes independente da origem que temos. Fala que a sociedade é excluída e excludente. E todos nós podemos contribuir com o que temos de melhor. “Deus acima de tudo”. Conclui dizendo que o trabalho só pode dar certo quando a população estiver inserida no projeto.
Dr. Ricardo Santos, último palestrante, inicia falando em depressão – daqui a 15/20 anos será a 1ª causa de morte, além de gerar várias doenças. Ele cita vários autores, dentre eles destaco Alan Kardec – “A religião do futuro é a religião do amor”. Não é religião e/ou religiosidade.
Em sua apresentação, Dr. Ricardo, fala de religiosidade exterior – “Vínculo a um credo ou doutrina religiosa”. Diz que não adianta ir missa, distribuir sopas, etc. e continuar raivoso, impaciente, etc. Ele cita Emannuel, em seu livro psicografado, O Consolador, quando diz que “Saúde é a perfeita harmonia da alma.”
O instrumental teórico dos estudos sobre espiritualidade permite entender muitas dimensões emocionadas e simbólicas que são marcas centrais da dinâmica educativa destas práticas. O avanço das ciências da religião, na medida em que possibilitou a criação de conceitos e análises desvinculados de uma tradição religiosa específica e, assim, de uma linguagem comum, está possibilitando a discussão mais ampla deste tema, de uma forma que supera parcialmente as usuais e tensas competições entre os vários grupos religiosos. (Vasconcelos, 2009)
Vasconcelos (2009), fala em Educação popular e diz que é o saber que orienta nos difíceis caminhos, cheios de armadilhas, da ação pedagógica voltada para a apuração do sentir/pensar/agir dos setores subalternos para a construção de uma sociedade fundada na solidariedade, justiça e participação de todos. […] Não se quer, com isso, afirmar o caráter religioso da educação popular, mas sim que a forte presença da dimensão religiosa em suas práticas e na formulação de alguns dos pioneiros de sua sistematização teórica indica uma característica epistemológica de suas práticas que grande parte da reflexão sociológica e pedagógica não conseguiu captar.
A convivência intensa de alguns profissionais de saúde com as classes populares e seus movimentos tem-lhes ensinado um jeito diferente de conduzir seus atos terapêuticos. […] Este envolvimento com as pessoas cuidadas desencadeia intuições que são acolhidas e colocadas em operação no trabalho em saúde. […] Justamente por este aprendizado junto às classes populares propiciado pela convivência, têm sido os profissionais de pesquisadores do movimento da Educação Popular em Saúde que vêm tomando a frente para trazer o debate sobre o tema da espiritualidade no trabalho em saúde para o campo da saúde coletiva no Brasil. (Vasconcelos, 2009)
Segundo Vasconcelos (2009), a religião popular é um saber e uma linguagem de elaboração e expressão da dinâmica subjetiva, parte da cultura popular, em que a população se baseia para buscar o sentido de sua vida. […] E a grandes diferenças entre a religiosidade popular e aquela difundida oficialmente. A religiosidade popular, como toda prática humana, é povoada de contradições e ambigüidades, de conformismo e resistência. A superação de suas dimensões negativas é um desafio a uma educação popular que a problematiza. Mas, para isso, é preciso que se entenda a complexidade simbólica de suas práticas. Nesse sentido, a ênfase no conceito de espiritualidade, ao invés de religiosidade, pode ajudar a desbloquear resistências, uma vez que se refere a práticas não necessariamente ligadas à religião. Ele cita Leonardo Boff (1999), líder religioso, o qual afirma que o decisivo não são as religiões, mas a espiritualidade subjacente a elas. Assim, a priorização do conceito de espiritualidade tem um papel inclusivo em uma sociedade que tende para a diversidade cultural.