Papel da comunicação na garantia da humanização do SUS

17 votos

A comunicação tem um papel fundamental na garantia da humanização do Sistema Único de Saúde (SUS). A disseminação do conceito entre gestores, profissionais de saúde e usuários permite a todos se verem como protagonistas na melhoria e ampliação do SUS. Humanizar é usar os próprios saberes e considerar o conhecimento do outro para promover um cuidado mais respeitoso e qualificado. Mas a humanização vai além do atendimento. O comunicador também colabora para humanizar o SUS quando procura acabar com a visão hospitalocentrista ainda existente no Brasil.

Uma pessoa com dor de garganta, por exemplo, não precisa ir ao hospital para receber atendimento. Ela pode procurar uma das mais de 39 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) – de preferência a que fica mais próxima de sua casa. As UBS são capazes de resolver 80% dos problemas de saúde da população. Da mesma forma, em casos de fraturas, o paciente pode buscar uma das 359 Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 horas) espalhadas pelo país e capazes de atender a 95% das necessidades em saúde.

Ao esclarecer os usuários sobre o funcionamento da estrutura atual da rede pública de saúde, o comunicador contribui para que a pessoa receba atendimento mais rápido e evite se deslocar, sem necessidade, a um hospital.

A comunicação também colabora para humanizar o SUS quando leva em conta a particularidade de cada público alvo. Por exemplo, a produção da cartilha Cuidados de Saúde às pessoas com Síndrome de Down contou com a participação de doze jovens com Down. Eles trabalharam durante dois meses, sob orientação de uma especialista, para desenvolver um material com linguagem direta, que se tornou fonte de consulta para todos os brasileiros.

karinazambrana-ascom-ms.jpg

Além das cartilhas, a veiculação de informações sobre a humanização pode ser dada em palestras, seminários, no contato com a imprensa e por meio de estruturas colaborativas como a Rede HumanizaSUS. Mas também é importante ressaltar a comunicação como intercâmbio direto entre usuário, profissional de saúde e gestor.

Um exemplo é a atuação de apoiadores da Política Nacional de Humanização (PNH) junto às equipes de saúde que atuam em áreas habitadas por índios. O auxílio vai desde a tradução de uma língua até a intervenção de apoiadores na forma de abordagem e tratamento da população indígena. Também há casos de estabelecimentos como o Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad, em Goiânia (GO), onde foi criado um curso de Libras voltado aos trabalhadores, para garantir um atendimento mais qualificado aos surdos.

No Brasil, há várias experiências exitosas como essas, conforme evidenciado na Semana de Humanização do SUS, realizada em abril deste ano. Cabe aos comunicadores contribuírem para que essas ações sejam disseminadas, compartilhadas, aperfeiçoadas e reproduzidas em todo o país.

Crédito da foto: Karina Zambrana (ASCOM/MS)