Trabalho e Redes de Saúde

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Pensar sobre trabalho e redes de saúde, nos reporta a uma construção de novos olhares e novas práticas nesses serviços, a tão preconizada reinvenção organizacional, pois precisa-se trabalhar a descentralização, a autonomia administrativa da gestão da rede de serviços, de uma forma onde os processos de trabalho e as relações entre os diferentes profissionais e a população sejam atendidas.

As organizações de saúde precisam ser espaços de produção de bens e serviços para os usuários, assim como, espaços para a valorização do potencial inventivo de cada um dos profissionais da saúde, sejam eles os gestores, trabalhadores ou usuários. O trabalho precisa ser entendido como algo que além de ser definido previamente para ser executado, também é algo que pode ser construído em tempo real através de situações concretas do dia-a-dia. Criar um espaço em que as experiências possam ser discutidas e compartilhadas é de grande importância para se manter a qualidade dos serviços quando se trata do trabalhador de saúde, contribuindo com isso, para melhores condições de trabalho. A inexistência desses espaços coletivos de troca, agrega outros problemas, como o trabalho desgastante, a precarização das relações e condições de trabalho, o valor atribuído ao trabalhador por parte da população e do governo, etc.., que produzem o adoecimento.
Devemos entender que produzir saúde começa primeiramente pelo cuidar de nossas próprias relações, onde os esforços individuais passam a ser substituídos por ações coletivas, mostrando-se muito mais eficazes dentro do cenário dos serviços de saúde. A política Nacional de Humanização nos traz como proposta visualizar e praticar a saúde de uma forma mais holística, mais completa, menos fragmentada, envolvendo os aspectos físicos, emocionais e psicológicos como fatores igualmente importantes nessa construção de um ambiente de trabalho mais saudável, mesmo em se tratando de doença.
O trabalho assume uma grande importância em nossas vidas, é ele quem nos promove uma sensação de utilidade, de satisfação, de autonomia diante da vida, além do aspecto mais funcional que ele nos dar como retorno, que é o aspecto financeiro também essencial para nossa sobrevivência. Porém, o trabalho precisa ser sempre repensado em sua prática, aprimorando a capacidade de compreender, analisar e colocar em prática de uma forma mais descentralizada e corresponsabilizada, promovendo com isso, um trabalho de prevenção e de autonomia dentro do ambiente de trabalho, especialmente no que se refere o trabalho envolvendo a saúde e seus atores. Percebemos com isso, que a gestão coletiva e participativa por sua vez é critério fundamental para a promoção de saúde e a prevenção de adoecimento. O trabalho tanto pode ser um espaço de criação e de promoção de saúde, quanto um espaço de embotamento, riscos e sofrimento.
A Política Nacional de Humanização traz propostas riquíssimas de atuação nesse cenário dos serviços de saúde, através de dispositivos que facilitam a evolução de um protagonismo e de uma corresponsabilização eficaz no que tange o trabalho em suas mais variadas redes de trabalho. A tomada de consciência e a busca de um aprimoramento não apenas técnico, mas especialmente subjetivo do entendimento do papel e das limitações do próprio trabalhador de saúde, é essencialmente importante, e praticar uma gestão compartilhada e participativa, descentralizando essas atuações promovem um ambiente mais favorável para uma prática de trabalho mais humanizada tanto para o próprio trabalhador da saúde, assim como, para o usuário que busca esses serviços.