Fórum discute prevenção ao suicídio
A Secretaria de Estado de Saúde do Piaui (SESAPI), através da Gerência de Atenção à Saúde Mental realizou durante toda a quinta-feira (11), o I Fórum Estadual sobre Prevenção ao Suicídio e Valorização da Vida. O evento foi complementado com a realização de um curso “Prevenção, Posvenção e Manejo do Comportamento Suicida”, na sexta-feira (12). O evento aconteceu no Diferencial Buffet, em Teresina, com uma extensa programação.
“É um momento para se ter uma discussão mais clara do assunto, trabalhar a prevenção, levando aos territórios, como fizemos em Inhuma. A partir do momento que a gente implanta serviços como Caps, Nasf e leitos psicossociais, estamos trabalhando a prevenção”, conta Leda Trindade, Gerente de Saúde Mental.
Uma das palestras mais esperadas durante o Fórum Estadual de Prevenção ao Suicídio realizado durante toda esta quinta-feira (11), no Diferencial Buffet, foi a do médico psiquiatra Francisco de Assis Rocha. Ele tocou em um assunto que mexe diretamente com a família: a carta que geralmente é deixada pelo suicida. Para o profissional, o ato de escrever nem sempre reflete o desejo da pessoa em tirar a própria vida.
“A família, apesar de sofrer muito, não deve se apegar a que o suicida deixa escrito. Naquele momento ele não está bem mentalmente. Isso não quer dizer que aquele tenha sido o problema. Temos que saber o que se passa por trás de toda a situação”, disse durante a palestra “Suicídio em Teresina na primeira década do século 21”.
O evento reuniu profissionais de saúde que atuam na atenção psicossocial do estado do Piauí e conta com a participação de coordenadores de Caps (Centro de Atenção Psicossocial), Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) e secretários municipais de saúde.
Cerca de 300 profissionais estiveram envolvidas com palestras, mesas redondas e apresentação de trabalhos. Durante a tarde, uma mesa redonda discutiu a dimensão do problema. A mesa foi composta pela gerente estadual de atenção à saúde mental, Leda Trindade, o psicólogo Danilo Camuri, o médio psiquiatra Francisco de Assis Rocha, o sociólogo Francisco Benedito Araújo e o diretor do Instituto Médico Legal, Antônio Nunes Pereira.
"A nossa região atende 700 pessoas por mês, a maior demanda são casos de esquizofrenia e depressão, mas o número de suicido é preocupante para uma região como Pio IX”, comenta a terapeuta ocupacional Santyla Brandão.
Foram apresentados os trabalhos do grupo de Apoio Contato Esperança (Grace) e do Centro de Valorização da Vida (CVV). Encerrando o evento, uma palestra magna "Suicídio: prevenção, manejo e posvenção", ministrada pela doutora Karina Okajima Fukumitsu.
"O assunto aos poucos vai ganhando a dimensão necessária entre os profissionais de saúde e população. A maioria dos pesquisadores relata que os suicidas mostram um arrependimento pela decisão, no momento em que realizam a tentativa, mas não executam de fato, não podemos interferir nos direitos, mas devemos trabalhar a atenção psíquica, perceber os sinais, e não fazer juízo de valor em cima das atitudes de uma pessoa que quer chamar atenção para o suicídio, pois talvez àquela atitude ameaçadora seja tão somente um pedido de ajuda" comenta a gerente estadual de atenção psicossocial, Leda Trindade, chamando atenção também para a mídia. “A mídia precisar quebrar o tabu e passar a discutir o assunto”, finaliza.
Por Flalrreta Alves