A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA
Texto elaborado para a disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde, ministrada pelo profº Douglas Casarotto.
Acredito que o modelo clínico tradicional, que foca-se no consultório, no atendimento individual, geralmente elitizado, o qual é transmitido aos acadêmicos nas faculdades de graduação em Psicologia, precisa ser revisto urgentemente. Atualmente, poucas instituições de ensino preocupam-se em passar aos acadêmicos a visão da saúde pública e muitas vezes esses profissionais enfrentam uma grande dificuldade após sua formação.
É de suma importância a inserção do psicólogo nessa área, pois compreende-se hoje que saúde física está intimamente ligada à saúde psíquica. Antigamente ter saúde significava ter ausência de doença. Hoje entende-se que saúde passou a ser vista de uma outra forma, como um reflexo das condições sociais, econômicas, culturais, ambientais,… envolvendo primeiramente a eliminação da fome, da miséria, da subnutrição, da ignorância e de qualquer forma de opressão e violência. Como não vai adoecer um indivíduo faminto, muitas vezes desempregado, vendo seus filhos doentes, morando em condições precárias, não recebendo acolhimento pela sociedade?
O ser humano é complexo por natureza, um ser biopsicossocial. Nessa visão, precisa ser tratado como um todo e não em aspectos isolados. A Psicologia tem uma grande bagagem de conhecimentos científicos, teorias, técnicas, métodos… e certamente muito pode contribuir para a melhoria, para a promoção de um modo de vida mais saudável.
Como muitos fatores estão relacionados no processo saúde X doença, o psicólogo pode trabalhar junto com uma equipe multidisciplinar que inclui médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, odontólogos… não apenas reproduzindo a teoria aprendida na faculdade, mas sim inserindo-se, envolvendo-se, comprometendo-se com a causa da saúde, olhando as pessoas com um olhar empático, solidário, humano.
O profissional da Psicologia pode atuar de diversas maneiras junto à comunidade: Através do enfoque preventivo, fornecendo e difundindo informações sobre saúde mental; Identificando pessoas portadoras de doenças com comprometimentos emocionais; Fazendo intervenções em grupos tais como hipertensos, diabéticos, gestantes, usuários de drogas, entre outros; Fazendo consultas interligadas, participando de estudos e discussão de casos, realizando encaminhamentos de acordo com as necessidades apresentadas pelos pacientes; Desenvolvendo oficinas terapêuticas; Realizando visitas domiciliares; Proporcionando suporte familiar para portadores de transtornos mentais; Conduzindo grupos de diálogo; Propondo passeios pela comunidade; Inserindo-se na gestão de instituições de saúde; Utilizando recursos como teatro, oficinas de dança, grupos de arteterapia, música… Enfim, são muitas possibilidades! Cabe ao profissional estar sensível e verdadeiramente desejoso de fazer algo em prol do social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRASIL, A, Considerações sobre o trabalho do psicólogo em saúde pública, Revista Integração, Ano 10, n. 37, p. 181-186, abr./jun. 2004.
PAULIN, T.; LUZIO, C. A. A psicologia na saúde pública: desafios para a atuação e formação profissional, Revista de Psicologia da UNESP, São Paulo, v.8, n.2, p. 98-109, 2009.
DIMENSTEIN, M. Conversando com o psicólogo: Sem medo de pensar
[Entrevista disponibilizada em jul. de 2009 a internet.] 2009. Disponível em: https://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/161/frames/fr_conversando psicologo.aspx
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Há um vídeo bem recente sobre a formação universitária e o SUS, feito a partir da fala do Eduardo Passos, professor da UFF e um dos formuladores da PNH, que vocês podem acessar em:
https://redehumanizasus.net/86931-eduardo-passos-fala-sobre-o-sus-e-a-pnh-na-puc-18092014
No último vídeo do post, Edu Passos fala também sobre os profissionais psi no SUS.