I Fórum Alagoas Antimanicomial

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Em 10 de outubro comemora-se o Dia da Saúde Mental. Para isso, o Coletivo Alagoas Antimanicomial preparou um fórum para discutir as práticas em defesa do SUS que garanta a efetivação dos direitos dos usuários de serviços de saúde no Estado. Deste momento participaram usuários, trabalhadores, gestores, educadores e estudantes. A abertura ficou por conta dos trabalhadores e usuários do Consultório de Rua de Maceió, que  trouxeram uma apresentação artística mobilizando todos os participantes – acompanhe no vídeo abaixo.

 

 

Um dos usuários do CAPSad, Luciano, abriu as falas da mesa, apontando a necessidade de fortalecimento do SUS universal e de qualidade, assim como práticas de cuidado de base comunitária e terrritorial e a garantia da participação efetiva de usuários nos processos de gestão e de cuidado dos serviços.A representante do Forum em Defesa do SUS reforçou a necessidade de práticas em defesa de uma política pública de saúde 100% SUS, sem complementariedade do sistema privado. Além disso, declarou a necessidade de práticas de cuidado em saúde mental laicas, o Estado não pode financiar o cuidado a usuários que seja conduzido por conversão religiosa. Por fim lançou a proposta do nome do centro de convenções de Maceió de Ruth Cardoso – pessoal de reconhecimento social, mas não histórico e afetivo para Alagoas – para Centro de Convenções Nise da Silveira. Renata Guerda aproveitou para provocar a retomada da Casa de Nise da Silveira, localiza em esquinas provocativas, da rua do Sol com a rua da Alegria, hoje utilizada como sede do Procon, a ser utilizada como Centro de Convivência para usuários de saúde mental. Claudete emendou, sugerindo o nome a ser adotado: Centro de Convivência Nise da Silveira. Ao final da mesa de abertura, seguiu-se a exibição do programa da GloboNews, apresentado por Fernando Gabeira, sobre o Hospital Psiquiátrico de Barbacena, que teve seu registro histórico organizado no livro "O holocausto brasileiro". O vídeo acompanhava a história do hospital a partir de suas práticas de segregação, tortura e outros maus-tratos. Exibia também a narrativa de ex-internos, hoje, integrados a comunidade. Após a exibição, Emilene Donato propôs que fizéssemos uma roda única de conversa para seguir a discussão. Para isso convidou para disparar a conversa, Eveline, usuária do CAPS Casa Verde, Everton, TO, professor da UNCISAL, Mara, TO. Everton sugeriu uma reflexão das práticas de cuidado, que apesar de serem realizadas em serviços substitutivos, ainda atendem aos princípios manicomiais que violam o direito dos usuários. Que clínica estamos produzindo: uma clínica que agencia a autonomia do usuário ou uma clínica que tutela do usuário? Mara inicia questionado se efetivamos uma clínica antimanicomial em Alagoas? Apontou que vivemos uma diversidade de interesses investidos no cotidiano dos serviços que dificultam a efetivação de práticas antimanicomiais permanentes. Mas que, sem dúvida, as práticas de cuidado em serviços substitutivos garantem maior qualidade do que os manicômios e hospitais psiquiátricos. Claudete Carvalho, TO do CAPSad junto com a usuária Lorena apresentaram as propostas desenvolvidas pelos participantes do CAPSad, sendo elas: Ampliação da RAPS, políticas/tratamento/financiamento pautado no SUS, PNH e EPS, maior articulação entre os diversos níveis de atenção, ações voltadas para a sociedade acerca da RAPS e demais políticas de Saúde Mental. O que precisa melhorar em relação aos CAPS: implantação e implementação de CAPS I, II e III, atenção humanizada e integral, EPS para qualificação e efetivação dos serviços. A seguir Ivanilda começou com a frase "direitos humanos, humanos direitos" e trouxe propostas discutidas pelo Coletivo Alagoas Antimanicomial: direito a assistência integral – , direito a mobilidade e acessibilidade – direito ao transporte do usuário independente do CID -, direito ao Controle Social – representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e economia solidária, efetivação de gestão descentralizada e participativa -, direito ao trabalho formal e informal. Por fim, propôs a participação de usuários de saúde mental no conselho de direitos humanos da OAB. A seguir o microfone ficou aberto aos participantes.  Cuidado com a família, a garantia de serviço aberto, geração de renda e economia solidária, fortalecer o infocaps. Usuária do CAPS Bebedouro reforçou a necessidade de melhorar alimentação fornecida nos serviços, assim como o fornecimento de recursos materiais para realização de atividades laborais durante a permanecia no serviço. Um usuário de CAPS e ex-interno de comunidade terapêutica denunciou a práticas dos trabalhadores que tratavam os internos como Escravos, baseados na atitude obrigatória de aceitação obediente destes internos em relação as leis da comunidade, havendo os direitos dos sujeitos "cortado" quando entendido que não obedeceram ou tiveram mal comportamento, havendo no dia da visita familiar uma prática de um "metiê" para os parentes. Outra usuária denunciou que alguns Centros de Convivência estão construídos, mas por falta de trabalhadores não estão abertos. Renata Guerda denunciou que os gestores das secretarias e das instâncias de gestão pública da saúde mental, presentes no inicio do fórum, neste momento já se faziam ausentes, o que prejudica a criação de soluções na rede de atenção. CAPS Matriz de Camaragibe, professora há 12 anos, agradeceu aos diversos profissionais do serviço pela experiência do fórum, mas defendeu a necessidade de manter a luta contra exclusão e preconceito com a loucura. O final ficou por conta de expressões culturais de estudantes e usuários – confira no vídeo.

 

 

Uma comissão foi organizada para organizar uma carta com as propostas produzidas durante o I Fórum Alagoas Antimanicomial.