À margem do oceano do que não é humano.
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Imagem: Foto da obra de Luis Arias.
À margem do oceano do que não é humano
Se pudéssemos relaxar um pouco nossa ansiedade.
Afrouxar as algemas do tempo.
Se pudéssemos descansar de nossos labores sem fim.
Perceberíamos que nossa questão
Não é essencial, nem central.
O importante, poderíamos quem sabe, aceitar,
É que, da imensidão enorme,
Somos uma parte ínfima: a vida.
Se nos acalmarmos, podemos ver
Que a inteligência está em tudo o que existe.
Fora da opressão do diminuto tempo do self,
Uma maravilhosa história pré, e não humana, se desenrola.
Nas cores das flores, nos diminutos seres que habitam nossa pele,
E na impassível lentidão de uma baleia azul,
Há uma intensa cognição em marcha.
Que perplexidade feliz não ser um deus caído,
Nem o filho dileto de nada.
Mas uma parte de tudo,
Que nos chega aos sentidos…