Entre a saúde e entre os saudáveis: os silêncios fissurados pelo cansaço e pelo esquecimento.

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Idos de outrora, onde os barulhos gorjeiam no corredor que idolatra a quentura, o tórrido ar que forma uma bruma de inconstantes esperas, anuncia-se pois a chegada tardia dos semideuses, donde vem, não sabeis, posto que minha ciência aguçada, bem soube da intensa demora, e a saúde dos saudáveis castigados pela espera, passam as horas, nas paredes um amontoado de informes que nos conduz a olhares deformados sem qualquer entendimento das mensagens propostas, no piso fagulhas, restos e raspas, enfim aquele espaço de saúde estava abarrotado de pessoas, a acolhida no fronte, determinava com as mãos os sentidos de cada pergunta, siga em frente, segunda porta a direita, a esquerda, terceira porta, ou no fim do corretor em frente, sabido que lhes eram mais interessantes o acess o virtual, o sinal que abre os portais era sabido, bem como uns tantos eram ouvidos em potentes gargalhadas advindas num espaço de uso habitual, a cozinha daquele espaço de saúde, outros sisudos, na direção, sem diretor, ali sentada a reguladora retirara o fone para não ser incomodada, os semideuses ainda não chegaram, e adentravam um a um, excitados, fadigados em uma espera sem esperança, na porta uma imagem imponente, aquela enfermeira com o indicador na altura da boca sugerindo silêncio absoluto, mas o calor era caustico, não havia água a não ser na copa, a disposição quase que exclusiva dos empoderados servidores, diga-se também que  a meia parede um aviso criminal, aquele que compreende o artigo 331 do código penal.

Enfim chega o primeiro semideus, com pressa, mas de modo deseducado sequer usa das gentilezas comuns, passa veloz  nos pedestais da consciência vã, da arrogância salutar e nobre. Enfim chegam um a um doutros ambientes que favorecem mais e mais os seus pomposos salários, num jaz atendem e não entendem cada um que adentra, vejo porém que cada um que entra e sai, sai com muitos papéis e vários inscritos de caligrafia indecifrável. Serão os deuses astronautas?

Hoje lembrei e venero o Gregório de Matos!

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