Mães/acompanhantes potencializando o acolhimento nas enfermarias

14 votos

mae_indigena.png

Ontem (13) ao visitar uma das enfermarias do HILP, encontrei a pequena Kassiane Guajajara, uma criança indígena de 3 meses de idade, procedente do município de Barra do Corda-Ma, que deu entrada no hospital na noite anterior, com a sua mãe, Ana Amélia (34 anos), mãe de 8 filhos.

Logo ao chegar para um contato com a mãe/acompanhante, fui abordada pela Fernanda, mãe de uma das crianças que se encontra em tratamento nessa enfermaria, que sorridente informou que ela e as demais mães perceberam a carência da usuária indígena, e prontamente providenciaram roupas, fraldas e kit de higiene. Informou ainda que a criança estranhou o berço, pois dorme em rede, e a mãe estava com sinais de cansaço de tanto segurar a criança no colo. Inclusive, segurava a criança numa “tipoia”. E a acolhida não parou por aí. As mães/acompanhantes improvisaram, com um lençol, uma rede no berço para a acolhida da paciente. 

rede_no_berco_1_1.png

Na oportunidade, apresentei a iniciativa Rede no Berço implantada no hospital desde 2004, para uma melhor acolhida às crianças que tem à cultura de dormir em rede, viabilizando em seguida a substituição da rede improvisada. Conversei com a Ana Amélia, que apesar de falar português com certa dificuldade, demonstrou entender a nossa fala. Os Guajajaras se comunicam na língua Tupi Guarani. Fizemos a acolhida com as informações básicas sobre os direitos do acompanhante. Além da disponibilidade da rede no berço, foi feito contato com o serviço de nutrição para uma adaptação do cardápio às necessidades da Ana Amélia. 

 

Os indígenas possuem algumas peculiaridades que devem ser respeitadas. Uma delas diz respeito à alimentação.

Nas rodas de conversas que são realizadas, periodicamente, com os pais/acompanhantes, uma iniciativa de educação em saúde desenvolvida no hospital, entre outros temas, busca-se discutir a importância da convivência solidária e afetiva nas enfermarias, na perspectiva de um apoiar o outro nas dificuldades demandadas. É comum uma mãe veterana acolher as novatas que chegam, inclusive procurar o serviço social para o apoio necessário. Como temos uma equipe de profissionais reduzida, essa prática dos acompanhantes ajuda muito.

E o mais gratificante foi escutar o comentário da mãe/acompanhante de outra criança que se encontra em tratamento nessa enfermaria, que o HILP, em que pese as suas limitações, é o melhor hospital que ela conhece. Ressaltou que os profissionais e os próprios acompanhantes se preocupam com o acolhimento de todos. Isto é estimulante!

rede_no_berco_2_0.png