Humanização contribui para a integração das unidades do Projeto Região Oeste
As unidades de saúde municipais que fazem parte do Projeto Região Oeste (PRO) estão cada vez mais integradas. A coordenação do PRO tem estimulado o reconhecimento e a disseminação de ações ligadas à Humanização por meio do intercâmbio de ideias.
“Esse ano resolvemos pensar na Humanização de maneira mais sistemática. Por isso, nos aproximamos da Rede Humaniza FMUSP-HC que, por ser especializada no assunto, já tem um manual técnico explicando como começar a discutir essas questões”, explica Mariana Sato, líder do eixo de Humanização do PRO. O primeiro passo foi aglutinar a equipe em torno da causa. Para isso, houve um fórum de sensibilização, quando se formaram comissões de Humanização em todas as unidades da rede.
Foto: Plantio de árvores na UBS Vila Piauí é uma das atividades ligadas à Humanização
Os grupos tinham como tarefa fazer o mapeamento das ações de Humanização já existentes no dia a dia.Foram detectadas mais de 130 iniciativas, principalmente nas áreas de acolhimento, prevenção à saúde e gestão participativa. “Existe uma proximidade tão grande entre a comunidade e os profissionais das UBSs e AMAs que não é possível fechar os olhos para as demandas da comunidade”, comenta Mariana.
Os números demonstram a consistência da cultura local voltada à Humanização, mas ainda é preciso avançar na instauração de uma cultura institucional. Dando continuidade a esse processo, aconteceu a primeira reunião entre as comissões, quando houve uma troca de experiências bastante significativa. “Acho que foi uma das primeiras oportunidades para todos se sentirem parte de um grande projeto, porque antes era cada um em sua unidade de saúde. Com o encontro, eles puderam ver que alguns problemas são parecidos e, em alguns casos, até a solução pode ser”, conta Sato.
Um dos objetivos centrais da área de gestão do Projeto Região Oeste é dar visibilidade para as boas práticas da instituição. Dessa maneira, outras pessoas podem se inspirar, analisando quais ações são aplicáveis a sua realidade. Reconhecendo a importância do compartilhamento de vivências, os gestores do PRO também atuam como padrinhos das unidades de saúde, aproximando a realidade prática do planejamento estratégico.
Em meio a esse processo, foi detectada a necessidade de integrar melhor os novos colaboradores à estrutura do PRO. Por isso, foi criado o Acolhimento Institucional, que consiste na recepção dos novos colaboradores pela coordenação do PRO. Nesse dia, os ingressantes entendem como funciona o SUS e a FMUSP.
A próxima etapa de trabalho será a realização de um fórum com as experiências exitosas da Humanização. Os funcionários serão convidados a apresentar suas soluções de maneira criativa, utilizando música e teatro, por exemplo. “Os estudos têm demonstrado que a arte tem um grande potencial de comunicação, bem como o de restaurar a dimensão ética das relações humanas”, defende Mariana Sato.
Segundo as diretrizes da Rede Humaniza FMUSP-HC, inclusive, a presença da arte nas instituições é uma das formas de avaliar o quanto a Humanização se integrou ao cotidiano. Segundo Mariana, embora haja espaço para os profissionais da casa explorarem as linguagens, não foram identificadas muitas ações relacionadas. “Eu costumo dizer que os momentos mais marcantes que tive na carreira foram fazendo intervenções artísticas. Por isso, tenho muita vontade de incentivar e dar recursos para que as pessoas utilizem mais essa ferramenta”, conta.
Todas as práticas ligadas à Humanização têm o objetivo de fazer as pessoas se sentirem mais percebidas e acolhidas. Mas, afinal, do que se trata a Humanização? “Com tantos intermediadores na relação entre as pessoas, é importante resgatar conceitos como ética, respeito, preocupação e espontaneidade. As ações de Humanização pretendem, essencialmente, iluminar os valores humanos que não deixaram de existir, mas que muitas vezes ficam escondidos por detrás dos protocolos, papéis e equipamentos, em meio à correria inerente ao cumprimento de tantas tarefas”, defende Mariana.
Fonte: Jornal da FFM – Publicação Bimestral da Fundação Faculdade de Medicina, ano XIII, nº 75, pág. 13, setembro/outubro 2014.