Saúde da pessoa idosa: SUS combate sedentarismo e estimula a autonomia e a participação social

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O fenômeno do envelhecimento populacional exige o um novo paradigma: o foco deixa de ser a cura e passa a ser o cuidado, com o objetivo de manter a autonomia e a capacidade funcional dos idosos

“É preciso eliminar preconceitos e acreditar que ainda é tempo de promover saúde e reconstruir projetos de felicidade na velhice”, diz  a médica sanitarista, Marília Cristina Prado Louvison. Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Presidente da Associação Paulista de Saúde Pública,  a Dra. Louvison coordenou por cinco anos a área técnica de  saúde da pessoa idosa da Secretaria Estadual de Saúde/SP e hoje integra o grupo assessor da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde. Segundo a especialista, o trabalho com idosos é muito gratificante e todos os profissionais de saúde que se envolvem costumam ter histórias significativas para relatar, relacionadas aos encontros, repletos de emoção e gratidão. “O que mais nos emociona e mobiliza é a possibilidade de desenvolver a autonomia dos indivíduos, ajudando-os a construir redes e potências de vida”.   Essa também é a orientação da Política Nacional de Humanização (PNH), que apoia as práticas que promovem a autonomia do idoso e fomentam grupos e espaços de convivência não impositivos.

Entre as ações  do SUS que a sanitarista destaca estão o forte combate ao sedentarismo, o incentivo à alimentação saudável e a criação de possibilidades de encontro, que favorecem a inclusão e participação social e a formação de vínculos. “O desafio é  adequar esse olhar às necessidades dos idosos, que permanecem mais em casa do que as outras faixas etárias (que estão na escola e no trabalho).

Na sua atuação como professora, a médica costuma mostrar em suas aulas que questões que afetam o bem estar físico dos idosos podem comprometer também sua socialização, como por exemplo, os problemas de incontinência urinária, bem como a saúde bucal, ocular e auditiva. Existem ainda os desafios específicos, como oferecer serviços de saúde mental preparados para lidar com idosos, ações de prevenção de quedas e combate à violência. 

A doença do preconceito

Se a longevidade se deu em função da redução da mortalidade graças às melhorias das condições sócio sanitárias, o maior desafio a ser enfrentado hoje, segundo a sanitarista, é a redução da natalidade, que acelera o envelhecimento populacional, reduzindo a população economicamente ativa e aumentando o número de dependentes, que passam a ser os idosos, e não as crianças. “Esse fenômeno pode ser observado no mundo todo, em particular na América Latina”, explica. “Somando-se a esse quadro a transição demográfica e a transição epidemiológica, amplia-se a prevalência de doenças crônicas, especialmente as cardiovasculares, endócrinas e oncológicas, que demandam cuidados ao longo de toda vida.”   É a partir desse contexto que a médica aponta a necessidade de um novo paradigma: “ Para além da cura,  o paradigma do cuidado leva em conta  a capacidade funcional do idoso.” 

​Os principais desafios para  implantar  o novo paradigma são: 1) formar e qualificar os profissionais de saúde para atender o idoso, 2) vencer a barreira do preconceito. A sanitarista lembra que os idosos são vítimas de vários tipos de violência, entre eles o preconceito social, que os rotula como caducos, vendo-os como pessoas incapazes de aprender, sem sexualidade, sem serventia, disseminando a ideia de os idosos voltam a ser crianças, de que são todos iguais, etc.  “Além disso, existe também a violência institucional que acaba ocorrendo nos serviços de saúde com frequência.  “Um dos preconceitos, por exemplo, é a visão de que o idoso procura os serviços sem necessidade” diz ela. Se as queixas deles não tiverem a escuta necessária, isso pode retardar diagnósticos.  “O idoso reage de forma diferente em vários agravos e precisa, por exemplo, de um gerenciamento do uso de medicamentos, que quando são consumidos em excesso, podem ser iatrogênicos, causando efeitos adversos”, alerta.  A médica conclui que para qualificar a atenção à saúde da pessoa idosa será preciso vencer esses dois desafios e integrar as ações voltadas para esse público, por exemplo conectando a política de saúde com a política de direitos das pessoas idosas, entre outras.

Esses conteúdos são parte da estratégia da Política Nacional de Humanização criada a partir de 2014, que em convênio com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), vem produzindo material comunicacional com a TV dos Trabalhadores (TVT).

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*Equipe de Comunicação e Jornalismo (PNH/MS)

*imagem da internet

Jornalista Responsável: Sheila Souza