HUMANIZAÇÃO DO SUS E GESTÃO AUTORITÁRIA: IMPASSES E DESAFIOS

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HUMANIZAÇÃO DO SUS E GESTÃO AUTORITÁRIA: IMPASSES E DESAFIOS

 

Embora a legislação atribua aos conselhos municipais de saúde – e a nossa em Campinas é bastante taxativa nesse sentido – poderes deliberativos, o fato é que na vida real essa prerrogativa é pouco ou nada respeitada pelo atual Governo Municipal. E por mais que o Conselho tenha feito gestos concretos de diálogo com a Prefeitura, a impressão que temos é de que a atitude despótica e arrogante da gestão em nada se altera.

E apresento um exemplo concreto do que estou afirmando: em 12 e 13 de Dezembro de 2014, realizamos em parceria – Conselho e Secretaria Municipal de Saúde – uma Oficina Sobre Atenção Básica Rumo à Atenção Primária, com um enorme esforço de conselheiros, usuários, trabalhadores e algumas pessoas da gestão. E foi um bom momento de discussão, muito qualificado, com intensa participação em especial com os trabalhos em grupo.

O que nós do Conselho – ao menos os representantes de usuários e trabalhadores – não podíamos imaginar é que na calada da noite, enquanto construíamos aquele belo espaço de discussão na oficina, a Secretaria editava uma Resolução, de nº 02, de 12/12/2014, que determina a distribuição das jornadas dos servidores e empregados públicos conforme diretrizes estabelecidas pela Secretaria Municipal de Saúde, com sérios impactos e implicações para a rede de atenção básica da saúde municipal.

Indago às/aos companheiras/os de militância pelo SUS e sua humanização: podemos acreditar na lealdade ou na palavra de uma gestão que age dessa forma? Qual a credibilidade que podemos ter ao dialogar com que faz as coisas na penumbra, às escondidas? E como se pode "humanizar" o SUS como uma gestão desse tipo?foto_reuniao_do_cms_01.jpg

Esta é uma pequena síntese do que temos vivido no Conselho Municipal de Saúde de Campinas, e fico imaginando o seguinte: se os usuários eleitos para o Conselho em sua esfera mais empoderada que é a Municipal vivenciam esse nível de desrespeito por parte do Governo, como devem se sentir os demais?

Saudações a quem luta pelo SUS,

Paulo Mariante

Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Campinas