MOVIMENTOS EM MARÇO 2015: UM BASTA!

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REFLEXÕES INTEMPESTIVAS SOBRE O POVO NAS RUAS…

De tudo, uma espantada questão: o que é mesmo democracia? Confesso que fiquei perplexo com tantas coisas que vi e li como suposta liberdade de expressão em nome da democracia. Gente, independente das duas manifestações, além de uma resposta responsável dos políticos eleitos de qualquer escalão no poder, precisamos urgentemente de uma conversa da nação acerca do que entendemos por democracia, se é ela realmente que queremos defender. Para mim, uma coisa é clara, 13 e 15 de março expressaram um "BASTA!!!".

Para unir amorosamente coisas que parecem tão incompossíveis, diria que o sentimento geral é de "deixa em paz meu coração que ele é um pote até aqui de mágoas e qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água…". Políticos, para mim, esta frase traduz bem o que o Brasil expressou, um Brasil que não é só verde e amarelo, mas de todas as cores por sua generosidade e hospitalidade. Mágoa em excesso é a mãe das paixões tristes que têm por filhas a discórdia e a segregações de todos os graus e tipos, mais tristes ainda.

Não somos uma nação dividida, isto é o que querem imputar nos nossos corações, somos uma multidão que diz CHEGA, este sentimento nos une e nos compõe a todos, seja o que for que pensemos e sintamos.

Diante dos movimentos nas ruas em 13 e 15/03 que não podem mais, juntos, pelo seu gigantismo numérico, ser meramente reduzidos a manobras de esquerda, nem de direita, mas a uma comoção popular, a despeito das manobras, os brasileiros expressaram todos os possíveis. Comoção aqui, sendo utilizada como co-moção, movimento em comum.

Mas nem tudo que é possível queremos enquanto cidadãos, é hora, portanto, de nos unirmos democraticamente pela recondução do país para um avanço da democracia em seu pleno sentido. Política pública não é política de Estado, não é política de Governo, é aquela de uma sociedade como um todo não homogêneo construindo corresponsavelmente os rumos de seu país.

Democracia é diferença, precisamos das diferenças para avançarmos. O fato de não termos a mesma visão de mundo não nos torna inimigos, apenas expressa que somos vivos e normativos e, como tal, exatamente porque somos diferentes, precisamos de uma construção comum.

Apesar de diferentes, algo comum nos une, um grito de não dá mais. Façamos dele uma paixão alegre e, juntos, construamos a sociedade que queremos, só assim poderemos calar àqueles que, se aproveitando da situação, querem a construção de uma sociedade que só favoreça ao seu grupo eleito. Grupo que é responsável por tantas mensagens dúbias e de ódio e que não representa a maioria dos que estavam nas ruas.

Expressamos os possíveis, é preciso agora efetuá-lo de forma democrática. Se basta mesmo, se chega mesmo, sejamos mais responsáveis com nossa sociedade e com nossa ética. Façamos juntos no bom combate, porque separados, como vimos, é guerra sem sentido.