Ponte sobre o diagnóstico

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Divulgo vídeo didático e bem humorado, alertando para o grave problema do overdiagnosis (expressão traduzida por alguns como "sobrediagnóstico" ou "excesso de diagnósticos").

Pretende contribuir para o exercício de uma clínica médica preocupada com a medicalização desenfreada e orientada pela observância de um mínimo de evidências científicas e pelos princípios da prevenção quaternária (prevenção de intervenções médicas desnecessárias) e da tomada decisão compartilhada com os pacientes.

Como este vídeo, parodiando o clássico de Simon & Garfunkel, está todo em inglês, fiz uma tradução bem rápida e pouco proficiente, apenas para que todos possam acompanhar o essencial, principalmente os dados retirados dos ensaios clínicos citados e algumas dicas úteis para médicos e pacientes…

 

 

 

 

Desvantagens do overdiagnosis (“excesso de diagnósticos”):

1) Efeitos negativos da rotulação.

2) Danos causados pelos testes e terapias.

3) Custo dos gastos desnecessários.

4) Desviar das questões realmente importantes.

5) Isso muito provavelmente vai acontecer com VOCÊ!

 

Agora você está esperto
Acabou de ser escaneado
Aquele medo nos seus olhos
Incidentaloma*
Vou lhe contar um segredo
Bem estranho
Os tumores benignos estão em toda parte

 

[* – tumor benigno achado incidentalmente, isto é, por acaso, num exame de imagens]

 

Achados casuais são encontrados em 40% dos exames por imagens.

– em 1 % dos casos pode levar a algum benefício;

– em 0,5% dos casos pode levar a uma demanda médica.

 

Como uma ponte sobre o diagnóstico
Você não tem sintomas
Como uma ponte sobre o diagnóstico
Vou aliviar sua mente

 

TESTE DE PSA em homens entre 55 e 60 anos a cada 1-4 anos por 10 anos. De cada 1000 testados:

– 99 a 110 terão um resultado falso-positivo;

– 99 a 110 terão CA de próstata diagnosticado;

– 40 a 50 sofrerão algum dano pelo tratamento (efeitos colaterais graves pela biópsia ou pelo tratamento);

– 4 morrerão de CA de próstata;

– 1 morte por CA de próstata será evitada.

 

MAMOGRAFIA em mulheres com mais de 50 anos a cada 1-2 anos por 10 anos. De cada 1000 rastreadas:

– 250 a 500 terão um alarme falso;

– 65 a 75 farão uma biópsia;

– 30 a 50 terão CA de mama diagnosticado;

– 5 a 10 serão tratadas desnecessariamente;

– 4 a 7 morrerão de CA de mama;

– 2 mortes por CA de mama serão evitadas.

 

Agora você está cheio de dúvidas
Você já foi rastreado
Esses achados lhe fizeram mal
Eles não lhe trazem conforto
Mas vamos usar a inteligência
Antes que a tristeza venha
Nenhuma doença real foi encontrada

 

Hipertensão Arterial (HA), Diabetes Mellitus (DM) e colesterol elevado…

– < 20 % das pessoas que se tratam a vida toda têm algum benefício cardiovascular;

– 100% vai experimentar algum dano (efeito colateral, incômodo, custo, medo ou rotulação)

 

Como uma ponte sobre o diagnóstico
O limiar de diagnóstico é alargado
Como uma ponte sobre o diagnóstico
Vou aliviar sua mente

 

Antes: HA, DM e osteoporose.

Hoje: pré-hipertensão, pré-diabetes e osteopenia.

 

Overdiagnosis
Está me deixando triste
Sua hora de morrer não chegou
Você pode manter todos os seus sonhos
Você precisa ter a sua mente em paz
Você não está condenado
É provavelmente benigno
Como uma ponte sobre o diagnóstico
Rotular é uma preocupação

 

CURTA A VIDA!

NÃO VIVA COM MEDOS DESNECESSÁRIOS!

 

“O que nós precisamos é a coragem de sempre considerar o oportuno, o concreto, o local e o particular, quando cuidamos de cada paciente individual e, se necessário, a coragem de desconsiderar as regras”
Iona Heath

 

PERGUNTAS A SE FAZER AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ANTES DE…

 

FAZER UM EXAME DE RATREAMENTO DE CÂNCER:

– Qual a história natural desse câncer? (tempo e forma de evolução etc.)

– O que é mais provável que aconteça se não for realizado?

– Qual a chance de um “alarme falso” ou de “achados casuais”?

– Qual a chance de vir a obter um benefício pelo tratamento?

– Quantas mortes são de fato evitadas por este teste? (número de mortes evitadas a cada 1000 testes, por exemplo)

 

FAZER UM EXAME DE RASTREAMENTO PARA HA, DM OU COLESTEROL ELEVADO:

– Qual meu risco para doença cardiovascular baseando-se nos meus marcadores de risco?

– Quanto desse risco é reduzido com o tratamento?

– Quais os danos potenciais do tratamento?