Qual a clínica que é operada pelo gestor?

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yohannalvesb 12/04/2015

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Um comentário que o Gustavo (usuário da rede e professor da disciplina Gestão de Sistemas e Serviços de saúde) fez em um post que fiz no dia 01/04 a respeito de Clínica ampliada, me motivou a refletir sobre o tema e então escrever o que penso sobre o assunto. No pressuposto que todos fazem clínica, qual a clínica então que o gestor opera? Na minha opinião, no pouco que sei, entendo que o gestor é o que "está por trás" para que possa ter subsídios para que por exemplo, um médico possa fazer clínica, um enfermeiro fazer clínica. Detalhando, o gestor  é responsável por todas as atividades de gestão e execução da assistência ambulatorial básica, das atividades básicas na área de vigilância sanitária, da vigilância epidemiológica e de controle de doenças, responsável pelas autorizações de internações hospitalares e de procedimentos de alto custo/complexidade. Realiza atividades de cadastramento, controle, auditoria, acompanhamento e avaliação de todos os prestadores de assistência básica, além do pagamento de todos os prestadores. Como percebem, a gestão é a base para o funcionamento dos serviços prestados para a saúde, é indispensável! É ela que conduz, anima e movimenta o fluxo de trabalho, como se fosse uma "alma" de um corpo. O gestor, desse modo, faz clínica não só para um, e sim para uma população. E vocês, concordam ou discordam?

Referência: https://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_01/02.html

Abraços!

 

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2 Comentários

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Por setenunes

Yohanna,

Concordo contigo! Ser gestor é compor a alma, o espírito que orienta o funcionamento de todo o corpo. Ser gestor é emponderar cada membro deste corpo para uma gestão compartilhada, uma co-gestão em torno dos objetivos comuns.

Pergunto: no que difere a gestão Municipal, Estadual e Federal do SUS?

Sete

 

#GSCUnB

Por gustavonunesoliveira

Car@s Yohanna e Sete,

Alguns de meus professores e professoras nessa vida (a maior parte del@s não eram titulados e das universidades, do cotidiano do SUS) me ensinaram que quase tudo que se pode chamar de gestão no campo da saúde é por princípio gestão do trabalho em saúde. Reconhece-se que é preciso fazer a gestão do trabalho para que as organizações de saúde tenham resolutividade, efetividade e racionalidade. A questão é que no contexto de um país que luta internamente pela democracia nas instituições e pela constituição concreta do direito à saúde na vida das pessoas, devemos nos perguntar se realmente precisamos realizar a gestão do trabalho ou a gestão no trabalho/com os trabalhadores.

A meu ver o grande desafio atual de qualquer gestor na saúde, que quase sempre atua em condições de produção piores e mais precárias do que as recomendadas (levando-se em conta um ou vários aspectos dessa precariedade: estrutura, financiamento, qualificação, etc), é o de reconquistar o engajamento dos trabalhadores em significados do trabalho que ultrapassam a sua própria sobrevivência ou interesse, para que seja possível compor um processo produtor de sujeitos livres e potentes com capacidade de produção de saúde para si e para os outros. Com equipes adoecidas, desconectadas de sua potência, desestimuladas e desfocadas de sua missão maior, há necessidade dos gestores aprenderem a fazer uma clínica dos coletivos, das instituições, das redes de resistência e colaboração, ou ficarão fadados a acreditar no pensamento mágico que os faz viver em torno da busca de soluções técnicas capazes de gerar resultados sem que tenham que abrir mão da concentração de poder.

Abraços,

Gustavo