Oi Pessoal,
Abaixo a indicação de leitura para iniciarmos a conversa sobre o Institucionalismo.
Tema: Institucionalismo e Saúde Coletiva 1
Baremblitt GF. Compêndio de Análise Institucional e Outras Correntes: teoria e prática. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. 3ª ed. 1996. Disponível aqui
Sugere-se ler os capítulos na seguinte ordem: I, VI, Glossário, II, IV.
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Por Elida Rodrigues
Compêndio de Análise Institucional – e outras correntes – teoria e prática – 6ºEdição- 2012 Gregório Baremblitt
Este livro é a transcrição das 6 aulas proferidas em Belo Horizonte no decorrer de 1990, organizado pelo Movimento Instituinte de MG, os três últimos capítulos são textos complementares.
Algumas pinceladas do conteúdo…
Movimento Institucionalista ou Instituinte no Brasil, “sua aspiração a deflagrar, apoiar e aperfeiçoar os processos autoanalíticos e autogestivos dos coletivos sociais. Esse é mais informativo que formativo, minimamente instrumental para os futuros institucionalistas.
Capítulo I- O MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA, AUTOANÁLISE E AUTOGESTÃO
O Movimento Institucionalista é “um conjunto de escolas, um leque de tendências.” Como há várias, o objetivo dos capítulos é encontrar as características em comum, podemos chamar de “ideais máximos” do movimento, seus propósitos mais importantes podem ser enunciados através da autoanálise e autogestão, essas duas palavras se remetem a complexidade da vida social, aos processos de interação humana e do funcionamento social. Houve desde as sociedades ditas primitivas um processo de produção de conhecimento, o qual se intensificou após a Revolução Industrial.
Há duzentos anos vivemos uma progressiva multiplicação dos saberes científicos e suas aplicações tecnológicas, o mesmo ocorre com a organização social, houve a construção de diversos saberes sobre o funcionamento da nossa civilização e, como efeito, são formados profissionais que realizam a gestão desse saber, geralmente em entidades “a serviço da instituição que representa o máximo da concentração de poder”, o Estado é um exemplo extremo e na sociedade civil, como as multinacionais.
Se observou que a afirmação de um saber científico sobre o funcionamento social passa é mais valorado do que o mesmo saber construído pela sociedade civil no seu cotidiano e que se acumula durante anos. Esse é o cenário ideal para o Estado e empresas realizarem a gestão social, pois toda a produção de bens materiais essenciais à sobrevivência estão nas mãos desses especialistas, assim como a educação, a saúde, a comunicação e a subjetividade, administração da justiça, leis, tudo “feito por experts e administrado por eles.” . A sociedade será gerida de acordo com os interesses dessa gama de especialistas que privilegiam determinadas pessoas de alguma classe social ou profissional.
As forças hegemônicas compostas quase sempre por esses experts inventam o que se chama de “demanda” que traduz as necessidades produzidas geradas no corpo social. A sociedade fica alheia ao processo de produção da demanda modulada pelos especialistas e ficam refém de um certo modo de existir que tem uma receita clara a seguir e validada por diversos órgãos respeitados, e por isso, as pessoas passam a não acreditar mais em sua produção de um modo de existir, para seguir o padronizado, nesse momento a sociedade perde sua capacidade de autonálise, sua capacidade de enunciar e compreender suas questões, produzir suas próprias forças ativas, criadora de outras saídas para seus problemas, saídas singulares, saídas que compõem com seu modo de existir, com os valores que você porta, com o seu campo ético construídos a cada encontro que você fez realizou durante toda a vida e por isso diferentes daquelas saídas enlatadas produzidas com a finalidade de gerar lucro, e que pregam ser a melhor saída, uma saída com ISO 9001, uma saída que não se interessa pela vida, mas é validade pelo pacto social hegemônico de padrão vazio, um dispositivo social desarticulado com as necessidades comunitárias, pois é elaborado “fora do seio heterogêneo do coletivo interessado”.
A produção dos experts servem quando são uteis” a uma autoanálise, a uma autogestão das quais os movimentos dominados e explorados sejam protagonistas”, para tanto os experts devem se misturar ao coletivo para compartilhar seu saber, nesse momento seu saber poderá ter um valor de uso, ou seja, expressar sua potência produtiva, aqui se cria um dispositivo que serve para a construção de um saber coletivo, desmistificando um saber dominante. Essa “auto-organização opera forças destinadas a transformar suas condições de existências, a resolver seus problemas”. É interessante notar que "a existência de hierarquia não implica diferença de poder. (…). Implica apenas certa especialização em algumas tarefas, e as decisões de fundo são tomadas coletivamente.”(…) A própria hierarquia é consensual.(…)Na autogestão os coletivos mesmos deliberam e decidem.”
No processo interminável de autoanálise e autogestão o coletivo constrói a medida do saber e do poder para desconstruir as hierarquias de saber – poder:
1º operação = as comunidades devem revalorizar seu saber espontâneo sobre seus problemas
2º operação = as comunidades em conjunto com os experts devem realizar uma crítica a medula reacionária dominante de um saber.
Para finalizar, fique sabendo:
“Os processos autoanalíticos e autogestivos se dão em condições altamente desfavoráveis, severamente contraproducentes.(…)são para a organização do sistema, um câncer, uma peste(…)porque os movimentos instituintes tem esse intuito: que os coletivos presidam a definição de problemas, a invenção de soluções, a colocação dos limites do que é posspivel, do que é impossível e do que é virtual(…)e quando não conseguem eliminá-las, tentam recuperá-las, incorporá-las(…).Em geral têm maiores ou menores graus de fracassos.Mas isso não quer dizer que não sejam possíveis ou inventáveis.”
De acordo com diferentes escolas do institucionalismo, “há correntes ‘maximalistas’ que buscam a instalação plena da autogestão e autoanálise e outras que se satisfazem com a introdução relativa de alguns mecanismos, espaços e temas da autoanálise e autogestão”.
Das correntes reformistas às ultrarrevolucionárias.“Provavelmente, a tendência política tradicional que mais se aproxima das propostas institucionalistas, e com a qual o institucionalismo está mais em dívida, seja a de certas orientações do anarquismo.”
Por Elida Rodrigues
“Quanto Vale Ou É Por Quilo?” não questiona apenas a falência das instituições no país atual. Seu discurso analógico coloca o antigo comércio de escravos e a exploração da miséria pelo marketing social como imagens separadas que se articulam em uma montagem para dizer que o que vale é o lucro, não importando se esse é obtido com a venda de um escravo ou através de projetos sociais com orçamento superfaturados.
https://www.youtube.com/watch?v=pRjhvfQtGig