Começa a 8ª Conferência Municipal de Saúde
Com o tema Saúde Pública de Qualidade para Cuidar Bem das Pessoas: Direito do Povo Brasileiro, teve inicio hoje (18) a 8ª Conferência Municipal de Saúde, de Teresina, rumo à 15ª Conferência Nacional de Saúde, que será realizada em Brasília, no mês de Dezembro.
Além de representantes dos conselhos de saúde, dos usuários e trabalhadores, estiveram presentes na solenidade de abertura o Prefeito de Teresina, Firmino Filho, o secretário municipal de saúde, Aderivaldo Andrade, o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) Luciano Nunes, a vereadora Tereza Brito, dentre outras autoridades.
Para Luciano Nunes, o evento é de grande importância para a discussão de temas relevantes para a melhoria das ações voltadas para a saúde, e para fortalecer a participação popular nas decisões em saúde.
A 8ª Conferência Municipal de Saúde terá oito eixos temáticos para orientar as discussões, são eles: Participação Social; Direito á saúde, Garantia de Acesso e Atenção de Qualidade; Valorização do trabalho e da Educação em Saúde; Financiamento do SUS e Relação Público-Privado; Gestão do Sus e Modelos de Atenção à Saúde;Informação, Educação e Política de Comunicação no SUS; Ciência, Tecnologia e Inovação no SUS; Reformas Democráticas e populares do estado.
A Palestra magna de abertura do evento coube a Presidente do Conselho Nacional de Saúde, Maria do Socorro. Para a conselheira, a conferência é um espaço importante de manifestação popular, e é preciso que os gestores municipais, estaduais e federais dialoguem com os usuários e os movimentos sociais. Fez uma análise da conjuntura nacional e do impacto da crise econômica na qualidade de vida de todos os brasileiros. Enfatizou a necessidade de reconhecimento do diálogo do governo com a população, como estratégia para sair da crise em questão. Ressaltou a importância da participação dos usuários nas conferências, como forma de saber o que está sendo discutido na saúde do país, debater e propor mudanças. Acrescentou que a mídia somente coloca para a população, o SUS que não dá certo, o SUS que não é viável, num desmonte do sistema. Falou das reformas que se fazem necessárias para fortalecer os compromissos com a qualidade de saúde. Ressaltou que a saúde precisa de mais recursos, e que precisam ser priorizadas as áreas de maior investimento. Informou que 70% dos recursos da saúde é capturado para financiamento da saúde privada, despotencializando a saúde pública. Refletiu a abertura da saúde brasileira ao capital estrangeiro, aprovada pela Lei nº 13.019/2014, um ataque ao SUS. Falou das ações de iniciativa popular, destacando o Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública – Saúde + 10, analisando a importância da participação popular no sucesso das mobilizações disparadas no país. Pontuou questões importantes que não podem deixar de serem discutidas nas conferências de saúde, como a violência contra a mulher, a violência contra os jovens, a discriminação racial, de gênero, as pessoas em situação de rua, a população carcerária, o financiamento do SUS, dentre outras. “Onde tem violação de direitos humanos, tem violação dos direitos de saúde.” Enfatizou. Não existe saída para a saúde sem o fortalecimento do SUS, e o fortalecimento do SUS se dá de forma efetiva com participação e controle social. Falou também da importância da valorização do trabalhador de saúde e da qualificação da gestão em saúde. Defendeu também a necessidade da capacitação dos conselheiros de saúde. “Todo conselheiro de saúde que se preze tem que conhecer a saúde, tem que acessar os anais das conferências de saúde para conhecer as propostas apresentadas pelos participantes e comparar com os problemas atuais. Convocou a população presente para participar ativamente das mobilizações sociais. “Temos que nos mobilizar, ir para a rua, participar das conferências de saúde…Queremos que a 15ª Conferência Nacional de Saúde em Brasília tenha a cara do povo brasileiro.” Finalizou.
Por sugestão da conferencista, o debate circulou na plenária. Alguns participantes se inscreveram para manifestar suas ideias. Para a Vereadora Tereza Brito, o financiamento da saúde de Teresina está defasado. Apontou a necessidade do enxugamento da máquina administrativa para sobrar mais recursos para a saúde. Mencionou a importância do cartão único de compensação financeira, argumentando que Teresina atende usuários de outros estados e não está recebendo os recursos pelo atendimento dessas pessoas. Falou também da importância do fortalecimento da Atenção Básica de Saúde, da saúde da família. Ascânio, conselheiro de saúde, defendeu a renovação dos conselheiros de saúde, no sentido de dar oportunidade para as pessoas mais jovens participarem. Defendeu também um maior investimento na educação permanente nos serviços de saúde. Lourdes Melo, sindicalista, falou da máfia da saúde privada em Teresina, da violência contra a mulher e da necessidade da implantação do SANVIS no âmbito municipal, para um atendimento de qualidade ás vítimas de violência sexual. Sandra (usuária do SUS), falou do “SUS que da certo.” Emocionada, relatou que foi acometida pela Síndrome de Guilian Barré e que foi bem atendida em todas as etapas do seu tratamento. Entretanto, fez uma crítica ao atendimento da Maternidade Dona Evangelina Rosa. Defendeu um maior investimento na qualidade do atendimento do parto e nascimento.
Na parte da tarde foram realizadas três mesas-redondas para debaterem os eixos que nortearão as discussões dos grupos de trabalho, na construção das propostas para a 7ª Conferência Estadual de Saúde, que será realizada nos dias 16 e 18 de setembro. A conferência será finalizada amanhã com a eleição dos(as) delegados(as) para a etapa estadual.
Por Emilia Alves de Sousa
A Gerência de Atenção Psicossocial (GAP), organizou no espaço da conferência uma exposição de banner sobre a saúde mental em Teresina.
A Gerência vai dispor ainda os direitos da pessoa portadora de transtorno mental e explicar como ter acesso ao melhor tratamento no sistema de saúde.
Também foi disponibilizado o Varal das Emoções, onde as pessoas poderão escrever o que estão sentindo e expor no varal. “É uma forma de interagirmos com o público presente”, explicou Luciano Nunes.