Conferência Municipal de Saúde de Gaspar SC: Vivendo a Democracia no SUS do Médio Vale do Itajaí

A solenidade, começamos com a mesa de abertura constituída com as autoridades municipais e, lá na frente, para a apresentação central da Conferência Luiz Carlos Barbosa de Chaves, o talento do SUS de Gaspar. Tocou e cantou o Hino Nacional Brasileiro. Sim conseguimos, fazer valer as tecituras da humanização e eles foram destaque das conferências de saúde da região: os talentos do SUS!

Na sequencia, a leitura do regimento e aprovação do mesmo nos lembra da importância jurídica e de luta presente neste evento.

E ainda, nesta atitude de exercício democrático e respeito a saúde municipal, o enfermeiro Arnaldo Munhoz apresentou os pontos levantados pela conferência municipal anterior (4 anos atrás) e atribuiu aspectos avaliativos sobre sua concretização, ou não, até o momento. A meu ver, foi uma avaliação muito séria e transparente, de tal modo que não recebeu nenhuma contestação por parte dos participantes. Inclusive, ressaltando os critérios considerados para dizer se uma proposta foi executada ou não. Considero este um diferencial neste espaço, pois não havia vivenciado ainda outra conferência onde a gestão se colocasse sob avaliação de modo tão direto e verdadeiro. 

O desafio neste espaço para mim seria de avançar um pouco mais na experimentação de viver ativamente este processo democrático no SUS: fazer a mediação do grupo que construiria propostas para o eixo 1  Direito à saúde, Garantia de Acesso e Atenção de Qualidade.

Vivência nova, no calor do debate, mas ao mesmo tempo tarefa fácil defender o SUS. Neste misto de incertezas e seguranças o que sempre favorece é se colocar ao lado. Sentamos em roda, nos apresentamos todxs. Roda diversa, mas todxs muito claramente determinados na defesa do SUS. 

Colocado o tema central do eixo numa construção participativa, buscando responder coletivamente o que é defender o SUS, as propostas já ai aparecendo e sendo anotadas pela querida parceira nutricionista do NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) de Gaspar, Tamires Pereira.

Muitas vozes se levantaram em observações elogiosas, uma vez que o município tem quase que total cobertura da Saúde da Família. Outras como seria esperado teceram propostas que iam desde a melhor territorialização dos equipamentos de saúde, até necessidade de calçadas, linhas de ônibus para facilitar acesso, passando também por questões específicas de necessidade de melhor assistência de especialidades. Mas dentre estas, uma em especial chamou a atenção: melhoria da comunicação. 

Este ponto já havia sido apontado pelo enfermeiro Arnaldo quando da avaliação como algo ainda a ser melhorado e volta a aparecer por aqui na discussão do eixo.

Durante a discussão não pude deixar de manifestar o quanto a aplicação da Política Nacional de Humanização, em seus princípios e diretrizes, favorecem a superação desta dificuldades de comunicação, uma vez que inclui os sujeitos envolvidos no processo na gestão e atenção da saúde, fortalecendo seu protagonismo e autonomia.

Esta ideia acabou constituindo uma proposta de reativação do tema humanização nas reuniões semanais de equipe, que já tem espaço regular no município.

Antes de seguirmos para a plenária de votação das propostas seguimos para o momento de socialização com um belo café e mais uma apresentação do Talento do SUS Albino Dandoni com seu acordeon. Com sua esposa sempre ao lado, além de fazer sua voz como usuários do SUS, Sr Albino nos presenteou com sua música aprendida sem professor, já na vida madura, que lhe acompanha nos dias do entardecer da vida. Relata que sua maior alegria do dia é ir ao final da tarde para entrada do condomínio onde mora saudar a chegada das famílias aos seus lares com sua música. Sua esposa conta que eles participam ativamente de grupos de saúde da unidade de saúde próximo a sua casa e que isto lhes ajuda a seguirem saudáveis apesar do diabetes e da hipertensão.

E assim segue a riqueza deste momento do SUS no Médio Vale do Itajaí, reafirmando cada vez mais que vale a pena acreditar no trabalho coletivo e nas boas ideias que se largam pelo caminho. Durante este este espaço de socialização reencontrei muitos amigos dos tempos que fazia roda de conversa com os agentes comunitários de saúde e me disseram: incluímos nas propostas dos eixos onde participamos a humanização. 

A plenária geral foi uma grande demonstração de exercício democrático e respeito aos participantes. Mesmo nos momentos de discordância, o clima seguiu ético e construtivo. Gostaria de agradecer imensamente a Enfa Aline Cadena responsável por conduzir esta organização, que me possibilitou vivenciar tamanha riqueza.

Parabéns ao povo de Gaspar e obrigada por terem me proporcionado esta vivência rica, que reafirmam minha esperança na democracia na saúde.