HABITAR UM PARADOXO
Olá queridos da RHS,
Gostaria de compartilhar com vocês algumas ideias de minha pesquisa para o doutoramento em psicologia pela UNESP/Assis intitulada "A Política Nacional de Humanização na produção de inflexões no modelo hegemônico de cuidar e gerir no SUS: habitar um paradoxo". A pesquisa foi construída a partir de meu encontro com muitos de vocês.
Apoiadores da PNH, consultores e companheiros de trabalho no Ministério da Saúde, além dos inúmeros encontros e rodas de conversa com os trabalhadores do e pelo SUS compõem uma (nossa) cartografia. Dentre muitos os aprendizados, destaco que a PNH, a RHS e o SUS sinalizam que "Sempre tem gente para chamar de nós" (1), uma das muitas conversas que estão no texto e já tivemos aqui na RHS.
Dizer nós, não é mera formalidade, tem o intuito de reafirmar uma aposta política e o caráter coletivo dessa experiência – projeto – processo. Somos apoiadores, trabalhadores, gestores, usuários, estudantes, pesquisadores e etc. etc. etc. Diversos sujeitos numa batalha cotidiana, muitas vezes, sem compreendermos a dimensão de tal empreitada, por manter aquecida uma rede que sustenta a saúde como dimensão da cidadania de qualquer um/uma, a despeito dos desafios e das incertezas que marcam o contemporâneo.
Este nós habita tempos e situações paradoxais em que a saúde como direito ora avança, ora é atropelada pelos ventos neoliberais. Existem princípios constitucionais que respaldam a construção de ousadias, tal como o HumanizaSUS. Há um "exército de anônimos" (2), os trabalhadores do e pelo SUS cuja riqueza podemos ver/experimentar nas rodas de conversa a partir da PNH, nas postagens da RHS e etc. E, ao mesmo tempo, temos a naturalização do abismo entre ricos e pobres, de um Estado que funciona para manutenção das iniquidades e de um mercado que cresce impulsionado pelo próprio Estado.
Os apoiadores e as experiências sinalizaram que discutir a PNH e sua tarefa no SUS implica desnaturalizar práticas e também um país marcado pela desigualdade social e pelas iniquidades. Os muitos sujeitos passaram a estranhar o descaso com o que deveria ser público e trabalham para que novos comuns possam ser criados. Tarefa nada trivial num mundo como o nosso, num país como o nosso. Função de Apoiador/a.
Agradeço aos muitos anônimos e aos editores/cuidadores que produzem a Rede HumanizaSUS. Obrigada por estarem aí reinventando o que é, o que deve ser público. Agradeço os inúmeros consultores e apoiadores da PNH, que tive a honra de partilhar a roda, por apostarem que há outros modos de fazer política.
Incluo o texto final aqui neste post. E a gente continua conversando…
gr abraço, Catia
PS: Se minhas lembranças estiverem corretas, a 3° foto da esquerda para direita é da Mari, jornalista. E na sequencia, a penúltima também.
(1) Música de Luiz Tatit e Marcelo Jeneci, "Por que nós?", de 2010.
(2) SANTOS, N. R. Posfácio. In: L' ABBATE, S. Direito à Saúde: discursos e práticas na construção do SUS. São Paulo: Hucitec, 2010.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Agradecemos o carinho com a RHS e sua função mobilizadora e conectiva na produção dos caminhos em rede.
Queremos ver a tua tese publicada logo por aqui, como mais um intercessor da política de humanização.
AbraSUS,
Iza