Sobre (re)conhecer o SUS
Na matéria de Estágio Básico II, do curso de psicologia da Universidade Federal do ES, nos foi proposto fazer uma visita a uma unidade de saúde próxima e levar alguma demanda, com a intenção de melhor conhecer e entender o SUS – principalmente para aqueles que pouco ou nenhum contato tiveram com o sistema durante a vida.
No dia 7 de agosto fui À unidade básica mais perto de minha casa, e nesse dia eu havia acordado com uma suspeita de conjuntivite, de forma que essa seria a minha demanda. Por falta de informações prévias, apenas lá descobri que deveria ter ido a um pronto atendimento, caso eu quisesse investigar minha condição. Também descobri que eu já possuia o cartão do SUS, e por isso solicitei uma consulta com um(a) ginecologista. Outra descoberta: há a necessidade de ver o médico da família para que então o mesmo indique uma consulta para qualquer que seja a especialidade necessária.
Como minha família não tinha vínculo com um médico desse tipo, solicitei uma visita de um agente de saúde para então poder ir ao médico que me indicaria o que tem a especialidade que eu gostaria de visitar – neste ponto penso em visitar também nutricionista e dermatologista, se for possível.
Hoje, sete de setembro, creio que o agente ainda não fez a visita, porém não tenho certeza pois não estou sempre em casa. O plano é voltar na unidade básica e verificar a situação.
Apesar de achar um pouco burocrático, fiquei surpresa com a quantidade de especialidades que o SUS abrange e pretendo usar o serviço com maior frequencia a partir de agora.
Por gustavonunesoliveira
Cara Alice (mais uma vez na 'toca do coelho'),
Ao ler o seu relato não pude deixar de ser mobilizado por uma forte impressão de que vc teve contato com algo muito comum nos serviços de saúde (não só públicos), que é a logica organizacional voltada à uma trama burocrática infinita de 'interdições' que vão desmontando a diretriz Acolhimento, tão valorizada historicamente pelos defensores do SUS.
Vitória, como muitos outros municípios brasileiros, tem excelentes unidades de saúde de atenção básica, bem estruturadas e muitas climatizadas. A ultima informação que acompanhei foi de que a média de pessoas por equipe de ESF era em torno de 2000. Em 2009 a direção de AB do município implantou um método de territorialização simplismente brilhante, que incluía em seus parâmetros análise de vulnerabilidade, sob diversas perspectivas, garnatindo que as microáreas territorializadas de responsabilidade para os ACS e eSF seria ajustadas de acordo com o desafio sanitário e social!!! Mesmo assim, temos visto equipes e gestores da Atenção Primária defenderem que estes serviços não devem ser portas de entrada para urgências como uma conjuntivite!! Olha companheiros!! Conjuntivite cabe sim no acolhimento da AB!!! É uma falta de responsabilidade sanitária encaminhar uma pessoa com conjuntivite para o PS ou para a UPA!!
Aqui no DF, temos uma cobertura de AB de 67% e de ESF de em torno de 25%, dados atuais. Nas áreas cobertas por ESF, temos em média 3500 a 4000 pessoas por equipe. As unidades estão sucateadas em sua maioria e deficitárias de pessoal. Mesmo assim, há uma portaria recente da SESDF definindo que a partir de 1/10, todas as unidades de atenção básica terão "agenda aberta" para a população. Não que eu defenda esse tipo de atitude da gestão, mas apenas para ilustrar a tal desigualdade de modelos de atenção, levando em consideração duas capitais com alta renda percapita!!!
Não achas um desparate?! Será que Vitória não tem condição de acolher melhor seus usuários?
Lembrando que não falamos de uma relação qualquer aqui na RHS!!!
Vitória foi um dos municípios brasileiros mais apoiados pela PNH nos ultimos 8 anos!!! Sobretudo na AB!!
O que leva a isso? Será que os profissionais de saúde de Vitória estão 'sobrecarregados'? É uma questão de gestão? Ou movimento corporativo da equipe?
É pessoal, por essas e outras que a cobra ganha asa e o SUS vai perdendo a legitimidade!!!
Abraços,
Gustavo