Os grupos como disseminadores de saberes
Legalmente, as portarias das práticas de saúde pública priorizam programas e ações grupais com os usuários do SUS, principalmente da atenção básica. Porém, devido a dificuldades encontradas em relação a recursos disponibilizados pelo poder público e à própria formação acadêmica dos cursos que não centram sua terapêutica na medicação – por exemplo, a psicologia –, onde supõe-se que ao longo da graduação se aprenderia a lidar com grupos, percebe-se que poucos cursos possuem uma configuração voltada para o trabalho com essa prática.
Um grupo para ser funcional necessita da formação de vínculo, de uma continência, onde os usuários se sintam seguros, sem medo ou vergonha ou com medo e com vergonha, mas com acolhimento e permissividade para esses sentimentos. Na atenção básica podem existir grupos de hipertensos, diabéticos, de pré-natal, planejamento familiar, nutrição, qualidade de vida, ginástica, etc. a característica mais importante dos grupos na atenção básica é a troca de experiências, o que justifica a definição dada por disseminadores de saberes, pois em um grupo não pode haver a presença de um saber dominante sobre os outros. Todos tem liberdade para se expressar da maneira que lhes é entendido o assunto em questão e o aprendizado caminha em uma via de mão dupla: do serviço para o usuário e do usuário para o serviço. Um bom trabalho grupal na atenção básica se dá quando há aprendizado subjetivo de outras formas de lidar com os problemas, são ações mais informativas, educativas que curativas. O grande objetivo é propiciar integração da comunidade e favorecer a criação das redes do cuidado. Para isso é importante que o grupo fique em um círculo, pois assim a comunicação se dá de maneira fluida, as pessoas podem olhar para as expressões de cada um, pois é em roda que se tem a possibilidade de reinventar as relações sociais e se colocar de fato nelas.
O que mais prejudica a ação efetiva dos profissionais da saúde pública no Brasil é a falta de investimento e o descaso dos governantes com questões fundamentais que são direitos básicos do cidadão como no caso da saúde. Profissionais desmotivados, sobrecarregados, cobrados ao máximo, que muitas vezes desempenham funções que não são suas para que a unidade siga funcionando normalmente não irão conseguir dar conta de tal demanda; por que não possuem um espaço adequado, não dispõem de recursos materiais e humanos e principalmente, não dispõem de tempo para desenvolver a prática grupal como parte importante na organização das práticas de um projeto terapêutico para a comunidade. Alguns serviços irão dar conta de suas demandas e conseguir implantar a prática grupal como uma prática terapêutica, outros continuarão a priorizar os atendimentos individualizados devido aos motivos citados anteriormente. O ideal seria que todo o sistema funcionasse de maneira igualitária ou mais próximo possível do proposto pela lei, mas enquanto os interesses políticos prevalecerem sobre os interesses da população isso não estará em um horizonte tão próximo.
Por thassia
Os grupos terapêuticos são uma ferramenta muito importante dentro do sistema publico de saúde, mas infelizmente não são todos os sistemas que dispõem dos recursos necessários para a implantação desses grupos. A falta de investimento por parte dos governantes acaba por dificultar o andamento dos grupos, pois para haver grupos terapêuticos eficazes é necessário existir profissionais dispostos, exercendo sua própria função, ambiente de trabalho favorável, recursos necessários, dentre outros.
Situação essa que dificilmente encontramos nos sistemas de saúde do Brasil, o que acaba por tornar difícil a implantação de programas grupais, consequentemente a população brasileira, como de costume, acaba privada de usufruir de ações e projetos que só serviriam para somar na vida de todos os usuários do SUS.