POR UMA CLÍNICA DA EXPERIÊNCIA: TRABALHO IMATERIAL, SAÚDE E CAPITALISMO. TESE DE DOUTORADO.

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download.jpg           “O trabalho imaterial, isto que a gente chama de trabalho imaterial; isto que a gente está fazendo e que às vezes nem parece que é trabalho, porque não aparece como trabalho, é este trabalho desta regulagem fina. Esta inovação continuada, esta singularização criativa de cada um nas redes.

Talvez, para encerrar, se isto ainda estava sendo abstrato, eu diria o seguinte: com certeza, cada vez que a gente se indigna com o trabalho; que a gente tem a sensação de indignação, de que nosso trabalho foi violentado; de que há alguma coisa ali que não dá para aceitar, é porque esta dimensão de inovação criativa no trabalho não está podendo ser exercida.

Aquilo contra o qual a gente mais resiste e se indigna no trabalho é contra a impossibilidade de exercer criativamente a inovação na relação”.

 

Esta citação do nosso conhecido e querido Ricardo Teixeira, transcrevendo uma de suas falas sobre o trabalho imaterial, funciona como uma espécie de ritornelo intensivo que guia toda a viagem dessa tese de doutorado e aparece em vários momentos, neste sobrevoo sobre a experiência do labor, escarafunchando os conceitos de atividade, experiência, imaterialidade, numa exploração da relação agonística entre as forças livres produtivas e o sistema capitalista que as utiliza, numa espécie de seqüestro e expropriação.

Usar de si, sair de si: estranha experiência, um trabalho… é a narração quase memorial de três décadas de experiências desenvolvidas no labor da análise do trabalho por um Psicólogo do Trabalho que, nômade, transitou por interfaces diversas e as “sujou” numa espécie de suor próprio para fazer dos conceitos não verdades instituídas, mas ferramentas de desterritorialização do instituído, inventando novos problemas.

Enfim, compartilho na rede porque, sem nenhuma dúvida, ela foi intercessora dessa polifonia, construída numa antropofagia catacrética. Muito do que nela se efetuou certamente foi tecido de alguma forma nesta nossa estranha mania de ter fé no SUS e nas formas de efetivá-lo.

Construímos um Corpo Sem Órgãos do qual, em parte, a tese quer ser voz…