Humanização: profissionais transformam experiência do pré-parto no HU-UFGD

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Por Bianca Cegati Ozuna e Vanda Laurentino Escalate

Fonte: Página do HU-UFGD / EBSERH

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Enfermeiras e fisioterapeutas do Centro Obstétrico têm adotado práticas alternativas de relaxamento com as gestantes em trabalho de parto

Muito se fala em humanizar a atenção à saúde pública. O assunto, abordado em frentes de trabalho de hospitais de todo o País, é tema, inclusive, da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), visando, entre outros resultados, propiciar que as unidades de saúde ofereçam atendimento acolhedor e resolutivo.

No Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), um pequeno grupo multiprofissional tem feito a diferença no atendimento às gestantes durante o pré-parto. Porta aberta na área de Ginecologia e Obstetrícia, o local realiza cerca de 300 procedimentos por mês e conta com a atuação protagonista dessas profissionais, especializadas na atenção à saúde da mulher.

O grupo, composto por enfermeiras obstetras e fisioterapeutas, se mobilizou no Centro Obstétrico, onde todos os dias faz a recepção e o preparo de mulheres para o parto. As atividades já vêm chamando a atenção de toda a equipe do hospital que, aos poucos, tem mostrado apoio e respeito ao trabalho diferenciado das colegas.

 

Pequenas práticas, grandes resultados

A ideia, de acordo com a fisioterapeuta Renata Vidigal Guimarães, é empregar ações não farmacológicas para o alívio da dor e para a evolução do trabalho de parto. Massagens com o uso de óleos nas costas, nas pernas e nos pés, por exemplo, têm ajudado as gestantes a relaxar e a reduzir inchaços, trabalhando os pontos de “do-in”, modalidade oriental milenar, sem contraindicações, que auxilia na circulação da energia corporal.

Outra prática iniciada há pouco tempo, mas que já é sucesso no Centro Obstétrico, é o “ultrassom natural”, que apesar do nome, não envolve equipamentos, apenas imaginação e arte na confecção de desenhos feitos nas barrigas das gestantes, simulando, com muita delicadeza, o bebê que está ali dentro e que em breve estará no colo da mãe.

A enfermeira obstetra Jaqueline Andrade, veio do Maranhão há dois meses para assumir no HU-UFGD uma vaga de concurso da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), e não esconde sua paixão pelo trabalho que faz com as parturientes. Ela mesma produz a tinta hipoalergênica que usa na pintura, cuja técnica aprendeu por conta própria.

“Eu preparo as tintas com pasta d’água e anilina e também uso tinta para pintura facial e sombra de maquiagem, tudo hipoalergênico. As pacientes e os acompanhantes gostam, pois a atividade acalma e alivia a tensão do trabalho de parto. Os profissionais olham com curiosidade, acham interessante e, no geral, recebem bem. E todo mundo acaba tirando foto”, conta.

Também com o objetivo de relaxar a gestante, Jaqueline tem adotado a musicoterapia, prática muito simples, que demanda apenas de um dispositivo de som, no qual, se for do gosto da paciente, músicas tranquilas e temas relacionados ao parto, ao nascimento e à mulher, tornam o trabalho de parto menos tenso.

As mamães também recebem escalda-pés com água morna, ervas e essências, aliviando um pouco do inchaço, que nesse estágio da gestação é intenso. E, integrando paciente e acompanhante, as profissionais criaram uma atividade em que os dois podem decorar uma touquinha dada pelo hospital, personalizando a peça com o nome do bebê, ocupando parte do tempo do pré-parto, que, muitas vezes, se estende por horas.

“As mulheres que estão em indução ao parto normal geralmente levam horas para efetivamente iniciar o trabalho e nós encontramos formas de ocupá-las com atividades que se integram ao período gestacional, das quais também podem participar os acompanhantes”, explica a fisioterapeuta Renata, que trabalha com saúde da mulher há dez anos e está em Dourados desde junho, vinda de Minas Gerais para juntar-se ao quadro da Ebserh.

Ela diz que a ocorrência das atividades depende do fluxo de trabalho nos plantões e da quantidade de gestantes presentes no Centro Obstétrico. Participam das ações, por iniciativa própria, além de Renata e Jaqueline, a enfermeira Aline Decari e a fisioterapeuta Sandra Soares dos Santos.

Arte na barriga

A auxiliar de sorveteria Lucineia Cabral dos Santos, de 22 anos, esperava seu primeiro bebê ao lado da mãe. E, apesar da ansiedade pelo nascimento do filho Erick, ficou surpresa com o trabalho realizado pela enfermeira Jaqueline e a fisioterapeuta Renata.

A barriga de 41 semanas virou tela para a arte do “ultrassom natural”, que foi, passo a passo, registrado pela futura avó. “É a primeira vez que vejo esse tipo de trabalho. Já até postei no Facebook e está todo mundo comentando”, diz Sueli Aparecida Cabral, que tem mais cinco netos, mas não via a hora que pegar o pequeno nos braços.

Na cama ao lado, a empregada doméstica Aparecida Inácio de Souza, também de 22 anos, conta que nunca imaginou receber arte na barriga. “Achei muito legal e nunca tinha visto”, afirma ao lado do marido Juliano Ferreira. “É uma atitude muito legal, porque tira um pouco do estresse da gestante”, aprova o pai da pequena Dhuliany.

Completando 22 anos na véspera do nascimento de Laura, a estudante Paloma da Silva Lima era a terceira mamãe a ter a barriga decorada. Prestes a conhecer o rosto de sua primeira bebê, ela fala que imaginava que a filha já estivesse bem “grandinha”, assim como no desenho. “Nunca tinha visto algo assim. Meus amigos e minha família acharam muito interessante”, enfatiza a acadêmica de Letras.

Todas as gestantes estavam com 41 semanas de gestação e tiveram seus bebês, saudáveis, no dia seguinte à entrevista.

 

Atuação multiprofissional no Centro Obstétrico

Hoje, o HU-UFGD possui 21 enfermeiras obstetras trabalhando no hospital, sendo que 11 estão lotadas no Centro Obstétrico. Também atuam na equipe, duas fisioterapeutas, que se revezam em turnos diferentes.

As enfermeiras obstetras são profissionais da Enfermagem com especialização nessa área, estando habilitadas para acompanhar e avaliar as parturientes, podendo se responsabilizar pelo pré-natal e, também, por partos normais, quando de baixo risco. Seu trabalho é essencial no Centro Obstétrico, principalmente na atenção à gestante durante o trabalho de parto.

A Fisioterapia Obstétrica tem grande importância para a mulher em período gestacional, pois incentiva à preparação para o parto com exercícios e técnicas para tratar e prevenir dores nas costas, nos músculos e nas articulações, além de contribuir para a diminuição de inchaços.