REFLETINDO SOBRE EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS COM IDOSOS.

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A experiência cotidiana com pessoas idosas é uma das maiores oportunidades que recebemos do Alto, pela riqueza dos ensinamentos generosamente ofertados pelos que já trilharam caminhos similares da vida, ainda que essas pessoas nem se dêem conta da grandiosidade do que delas extraímos. Grandes oportunidades de aprendizado, porque nos apresentam ideia aproximada do que está por vir para a gente. Chances concedidas por forças superiores, como forma de avaliar nossa capacidade de empatia, ou de nos colocar amorosamente no lugar do outro.
O dia a dia com idosos nos proporcionam momentos em que é preciso extrema demonstração de amor, maturidade, respeito e compreensão de que nossos corpos físicos, a mente, o emocional, inexoravelmente, se desgastarão com o passar dos anos, além de sabedoria para aproximação com a identidade sagrada que todos portamos, desde o nascimento até a morte. Antes de nos vermos seres humanos, havemos de jamais esquecer que somos seres espirituais, em experiências corporais.
Lembrar que muito temos a aprender com os idosos, mesmo quando eles parecem olhar para o nada. Decodificar os significados do silêncio do outro, um exercício mergulhado na subjetividade da dimensão humana. Estar sempre pronto a responder, carinhosamente, mais uma vez, a mesma pergunta, entendendo que as oscilações da mente e memória do idoso são lições básicas nesse complexo ensinamento para a vida.
Atentar para o fato de que os processos orgânicos de funcionamento harmônico dos esfíncteres dessas pessoas, muitas vezes, provocam situações constrangedoras para elas, quando se urinam antes de alcançar o sanitário, eliminam flatos quando caminham, sem que se possa exercer maior controle sobre eles, entre outros aspectos que, se não ignorados, podem deixar a pessoa ainda mais constrangida. Nesses momentos, se tiver de falar algo, é mais prudente propor uma troca de roupa e higiene íntima, sempre com discrição.
Há quem acredite, equivocadamente, que é mais “carinhoso” tratar o idoso como criança, em situações similares. Nada mais irritante para o idoso que ser tratado como criança! Desconsidere esse preceito.
Uma observação mais amiúde pode auxiliar sobremodo a condução do adequado interagir com o idoso em casa. É importante que estimulemos uma caminhada no quarteirão, na área interna do condomínio, se possível nas primeiras horas da manhã, aproveitando-se dos benefícios da energia solar. Não se acomode diante de primeiras reações negativas à proposta de caminhar, insista, estimule, faz muito bem às funções corporais, além de revelar oportunidades de fazer exercícios de associações mentais através das imagens das pessoas e paisagens que encontrarão no percurso. 
Tudo que for possível e preciso fazer para que não fiquem ociosos, sentados, fitando o nada, será bem-vindo. Lembrem-se sempre de que nossa mente é capaz de ser expandida ao infinito, ainda que estejamos com idade avançada. Se o idoso tem boa acuidade visual, proponha leitura de temas do seu interesse. Em caso de maior dificuldade, leia para ele. Se não tiver comprometimento auditivo e apreciar música, providencie condições para que desfrute delas. Caso tenha aptidão para exercícios, atividade física, artesanato, arteterapia, etc, que seja providenciado seu acesso, sob supervisão profissional.
Afinal, dados do Censo IBGE 2010, revelam que em meio século (1960-2010), a expectativa de vida do brasileiro aumentou 25,4 anos, passando de 48,0 para 73,4 anos. O contingente de pessoas idosas, que, segundo a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso, tem 60 anos a mais, é de 20.590.599 milhões, ou seja, aproximadamente 10,8 % da população total. Desses, 55,5 % (11.434.487) são mulheres e 44,5% (9.156.112) são homens.
Importante chamar atenção para o fato de que o Brasil é um país que envelhece a passos largos. As alterações na dinâmica populacional são claras, inequívocas e irreversíveis. Isto posto, cabe a cada um de nós buscar preparo para lidar com as necessidades de cuidado dos nossos idosos, pois o tempo é impiedoso, amanhã será nossa, a bola da vez.
Wiliam Machado
Secretário Municipal do Idoso e da PcD de Três Rios/RJ