Patologização dos Monstros
Patologização dos Monstros
Elaine Perez
Desobediência na idade média punia-se expondo deformações.
Monstros tinham que carregar o peso da transgressão.
Manutenção da ordem!
Os deslizes eram expostos no ser, que encarnava todos os males.
O maligno e o bizarro habitavam e testemunhavam o castigo imposto ao Minotauro, semi-humano que pagou pelos erros de seus pais.
A ira dos Deuses!!!
Na contemporaneidade nossos "monstros" não são mais mitológicos.
São corpos, sujeitos de carne e osso.
São os que fogem a norma.
Sujeitos patológicos!
São os degenerados !
Os anormais!
Esse é o ponto: estamos impregnados de estratégias que constroem "monstros" e nos queimam com discursos de preservação da moral e da civilidade.
Talvez hoje não façamos parte da monstruosidade patologizada.
Amanhã?!?!
É melhor nem perguntar…
Vai que a vigilância deite o olhar clínico!
Vai que um simples poema sofra o exame de uma minuciosa análise do discurso.
Minha verruga não vai escapar!
Resta saber se serei colocada na categoria de "Bruxa Monstro" ou de "Monstra pensante".
Adoro fogueira!
Converso com as estrelas!
A floresta sempre me chama!
Ser normal passou longe, não encontrou meu endereço.
Sou caminhante!!!!
Não preciso de etiquetas!
Por patrinutri
Cara Elaine,
Seu poema desabafo me levou a pensar sobre os saberes da saúde e os tantos diagnósticos que carregam consigo e quantas etiquetas carregamos presas em nossos corpos nesta trilha da vida.
Acho que seu texto merece uma imagem para destacar-lhe ainda mais neste grande rio de publicações que correm pelas páginas da Redehumanizasus.
Mas receosa de que isto parecesse uma imagem que de algum modo acabesse provocando uma rotulação que prejudicasse o conteúdo e a musicalidade de seu texto, publico aqui para sua aprovação.
Caso deseje escolher outra imagem e inseri-la autonomamente, veja como fazê-lo no link ajuda.
Obrigada por compartilhar conosco sua sensibilidade!
Grande abraço,
Patrícia S C Silva
Coletivo de Editores da RedeHumanizasus