Nº de crianças até 13 anos trabalhando volta a subir no Brasil
Em 2014, havia 554 mil crianças de 5 a 13 anos trabalhando, aponta IBGE
Trabalho desta faixa de idade concentrou-se na atividade agrícola.
Havia 3,3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos ocupadas.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) mostrou que cresceu o trabalho infantil no Brasil em 2014. No ano, havia 554 mil crianças de 5 a 13 anos trabalhando. Esse número é 9,3% maior do que em 2013, quando registrou 506 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi o primeiro crescimento registrado nesse grupo desde 2005 – quando 1,6 milhão de crianças desta faixa estavam trabalhando, quase três vezes o registrado em 2014.
Segundo Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa, o aumento do trabalho infantil ocorreu porque essa população de 5 a 13 anos passou a “ajudar os membros do domicílio”, e ressaltou que também foi observado um crescimento do trabalhador por conta própria.
“Esse [trabalhador] conta própria é justamente que conta com a ajuda desses membros para ajudar nos negócios”, acrescentou a gerente, que afirmou que o crescimento do trabalho infantil está influenciado principalmente pelo aumento do trabalho entre crianças de 10 a 13 anos.
"Embora o [trabalhador de 5 a 13 anos] não-agrícola seja um contingente menor [dentro do total de 554 mil], o avanço foi maior [de 2013 para 2014]", afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
De acordo com ele, em 2013, havia 325 mil pessoas de 5 a 13 anos na atividade agrícola, e em 2014 passou a ser 344 mil, um aumento de 5,8%. Já na atividade não-agrícola, era 181 mil e passou para 210, um crescimento de 16%.
Em 2013, havia 325 mil pessoas de 5 a 13 anos trabalhando na atividade agrícola em 2013, e em 2014, passou a ser 344, um aumento de 5,8%. Já na atividade não agrícola, era 181 mil, e passou para 210 mil, um aumento de 16%.
Do total de crianças trabalhando em 2014, 484 mil tinham entre 10 e 13 anos, e 70 mil entre 5 e 9 anos. Segundo o instituto, 62,1% da população ocupada entre 5 e 13 anos, “assim como em 2013, concentrou-se na atividade agrícola”.
“É o filho ajudando o pai nas atividades que ele ajudava a fazer. Ajudando a semear a terra, ajudando a descascar o milho”, disse Maria Lucia Vieira, gerente da pesquisa.
Crianças e adolescentes
O levantamento apontou ainda que, no ano, havia 3,3 milhões de brasileiros entre 5 e 17 anos trabalhando no país. Os homens representavam cerca de dois terços desse número.
Comparado com 2013, houve aumento de 4,5%, ou um contingente de 143,5 mil a mais nesta condição. O instituto informou ainda que 2,8 milhões estavam no grupo de 14 a 17 anos.
Do total de mais de 3 milhões, “16,6% representavam pessoas na situação de trabalho infantil”, destacou a pesquisa. Nas regiões Norte e Nordeste, no entanto, essa proporção era de 27,5% e 22,4%, respectivamente.
A pesquisa revelou ainda que o número de horas “habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos”, contudo, caiu de 26,9, em 2013, para 25,9, em 2014.
Segundo o IBGE, o nível de ocupação, entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, foi maior em todas as regiões em 2014 (Foto: Reprodução / IBGE)
Segundo o IBGE, o nível de ocupação, entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, foi maior em todas as regiões em 2014 (Foto: Reprodução / IBGE)
PNAD 2014
Dados do IBGE sobre educação e trabalho
trabalho infantil
renda das mulheres
desigualdade de renda
acesso à internet
analfabetismo
ensino público
Nível de ocupação
Segundo o IBGE, o nível de ocupação (que mede a parcela da população ocupada em relação à população) entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos foi maior em todas as regiões em 2014 em comparação com o ano anterior, passando de 7,5% para 8,1%, no país.
A região Norte foi a que apresentou o maior crescimento, de 1 ponto percentual. As demais regiões apresentaram aumento de 0,6 ponto percentual, enquanto na região Sudeste, a menor, 0,4 ponto percentual. As demais regiões mostraram acréscimo de 0,6 ponto percentual.
Rendimento
A renda média mensal domiciliar “per capita real” das pessoas de 5 a 17 anos trabalhando em 2014 foi estimada em R$ 647. Já entre os não ocupados nessa faixa de idade, esse rendimento era de R$ 669.
https://g1.globo.com/economia/noticia/2015/11/em-2014-havia-554-mil-criancas-de-5-13-anos-trabalhando-aponta-ibge.html