Era uma vez…
Um grupo de alunos da UFRJ com seus jalecos coloridos e suas sacolas repletas de livros infantis que, diariamente, invade as enfermarias e ambulatórios do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), levando o mundo encantado dos contos de fadas infantis para crianças, adolescentes e seus familiares.
Bruxas, fadas, dragões, marcianos, príncipes e princesas saltam das páginas encantadas, dando vozes aos Contadores de Histórias, fazendo da rotina hospitalar, um lugar aparentemente de doença e sofrimento, um acontecimento de magia, alegria e entretenimento, dando asas para que a saúde, que sempre insiste num corpo que sofre, ganhe potência e demonstre a sua força de cura ou de superação dos obstáculos.
O IPPMG/UFRJ presta atendimento hospitalar e ambulatorial a crianças com doenças crônico-complexas, necessitando muitas vezes de internações prolongadas e constantes idas e vindas ao hospital que, sendo assim, se torna uma realidade presente na vida de muitas crianças, que têm sua rotina vivencial atravessada pelo ambiente e procedimentos hospitalares.
Pensando nisto, o Núcleo de Humanização acolheu com entusiasmo o Projeto Alunos Contadores de Histórias que, com o espírito com que começa essa narrativa, surgiu em 2009 e ganhou independência e estatuto de Projeto de Extensão Universitária da UFRJ, aprovado pelo Conselho de Coordenação do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ).
O Projeto oferece aos alunos a oportunidade de desenvolver uma ação solidária, a contação de histórias, para crianças/familiares que se encontram em situação adversa, acreditando que esta vivência ofereça uma experiência rica em trocas com pacientes/acompanhantes e equipe de saúde, ampliando a percepção da realidade social na qual se insere o aluno, ofertando também aos usuários uma atividade não relacionada à doença, mas como uma potencialização da saúde frente aos obstáculos que enfrenta, além de um incentivo ao hábito da leitura.
Apostamos, apoiadores da humanização, contadores e Núcleo, que as atividades lúdicas geram prazer e divertimento, resgatam o lado saudável, facilitando o processo de elaboração da doença, além de melhorar o vínculo com os profissionais, podendo propiciar melhor adesão ao tratamento.
Na vertente do corpo discente, apostamos que um trabalho de responsabilidade social durante a juventude pode ser entendido como um espaço de aprendizado e transformação, potencializando a atitude cidadã. Ofertar a estes jovens a oportunidade de participar de ações solidárias significa envolve-los ativamente em seu próprio processo de formação para a vida, uma vez que ativa o contato com realidades diferentes daquelas que vivencia, abrindo oportunidade para enriquecer e construir novas leituras do mundo que o cerca.
O Projeto, coordenado por Sônia Steinhauser Motta (médica pediatra), Regina de Almeida Fonseca (Fisioterapeuta e Especialização em Literatura Infanto Juvenil) e Verônica Pinheiro Viana (enfermeira), “acertou na mosca”. O que temos comprovado em seus sete anos de existência é que, além de encantar crianças/familiares, o Projeto tem atraído cada vez um maior número de alunos de todas as áreas de formação da UFRJ que, muitas vezes, após esta rica experiência, se engajam em outros projetos sociais.
Além destes frutos previstos, o Projeto também já rendeu uma dissertação de Mestrado de uma de suas coordenadoras, Sônia Motta (https://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5253), inspirou e estimulou a publicação de um livro infantil (https://redehumanizasus.net/93707-quixotes-da-saude) e foi aclamado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (https://www.sbp.com.br/projeto-alunos-contadores-de-historias-ajuda-no-tratamento-de-criancas-e-na-formacao-de-futuros-medicos/).
Enfim, uma boa prática de humanização que, esforçada e merecidamente, vai colhendo vários êxitos.
Mais informações sobre o projeto podem ser pesquisadas em https://alunoscontadores.com.br/ e https://www.facebook.com/alunoscontadores.