Ampliação da saúde indígena: Criação da DSEI-PI

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Foto ASCOM

 

O Piaui tem uma grande dívida com a população indígena pelo  genocídio cometido pelos bandeirantes contra os índios que habitavam o território. De acordo com os historiadores, por volta de 1670, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho veio para  o Nordeste, com a missão de acabar com os índios da região do rio São Francisco, para  estabelecer estâncias de criação de gado na região.

Através de uma expedição que percorreu o Piauí, o bandeirante exterminou a população indígena que aqui habitava. Os que resistiram ao trabalho imposto, pelos colonizadores do Estado, foram perseguidos até a morte, e os que  conseguiram escapar fugiram para os estados vizinhos.

Anos depois da proibição da matança dos indígenas, alguns remanescentes retornaram ao estado e se espalharam por vários municípios, entretanto, vivendo em situações precárias, sem o devido apoio do Estado.

As últimas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que no Piauí existem 1.333 índios distribuídos nas cidades de Teresina, Lagoa de São Francisco, Queimada Nova, Piripiri, Pedro II, Piracuruca, Milton Brandão, Domingos Mourão, Parnaíba, Oeiras, Floriano, Picos, São Raimundo Nonato, Bom Jesus, São João do Piaui e Amarante.

Nos últimos anos, essa população tem reivindicado a devolução das suas terras, para poderem viver as suas tradições culturais, conforme conta o Cacique Guilherme, da etnia Tabajaras que vive no município de Piripiri, numa entrevista concedida a um canal de TV da capital.

De acordo com o cacique, a falta de terra prejudica no resgate das tradições e costumes dos indígenas. “Sem ter terra para nossa aldeia, não temos como preservar a nossa cultura que está acabando. “Estamos vivendo em casas e nas ruas, junto com o branco e convivendo com todos os problemas que antes não conhecíamos, quando dependíamos somente da terra para sobreviver”, lamenta o cacique.

Preocupado com a qualidade de vida dessa população,  o governador Wellington Dias autorizou a criação de um Distrito Sanitarista Especial do Índio (DSEI) no Estado. E com a finalidade de elaborar o projeto de implantação da DSEI-PI, o secretário de saúde  Francisco Costa criou no dia 22 de janeiro, uma comissão constituída por representantes das Secretarias de Saúde e Educação, Universidade Estadual do Piauí, Universidade Federal do Piauí, Fundação Nacional do Índio e lideranças indígenas.

Para Epifânio Ferreira, supervisor da Equidade em Saúde e coordenador do estudo, a autorização para criação da DSEI-PI é um marco histórico para comunidade indígena, “já que se trata de uma antiga reivindicação dos índios residentes no Piauí e Maranhão que lutam para implantar a assistência ao índio na rede estadual de saúde levando em consideração as características excepcionais no atendimento dessa população”.

A iniciativa foi comemorada não só pelas lideranças indígenas do Estado do Piaui, mas também pelos indígenas do Estado do Maranhão, pela preferência de alguns deles em fazer tratamento médico em Teresina.

 “A nossa insistência na instalação da DSEI-PI parte do fato de considerarmos a oferta dos serviços de saúde oferecidas no Piauí mais resolutivo e, também, por conta de sua localização geográfica mais próximo de Barra do Corda (MA)”, explica José Santos, líder indígena.

Uma iniciativa mais que justa, para saldar um pouco a dívida do Estado com essa população, que de forma cruel foi dizimada e esquecida aos longos dos anos.

 

Fonte: Blogue CapitalTeresina