Nascendo em Timbó.

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Se ouvisse meu corpo, teria respondido ao cansaço, a dor de cabeça e a forte chuva depois de um dia inteiro de trabalho… mas também deixaria de viver uma emoção que foi capaz de produzir em mim um enorme desejo de superar tudo isso. Valeu a pena ser teimosa e ir além…

Estar no primeiro encontro de casais grávidos de 2016 em Timbó SC foi um daqueles momentos indescritíveis de minha experiência no SUS que vou tentar traduzir para vocês…

A primeira visão foi da roda com o que é possível para muitas vezes alcançar o que pensamos ser impossível. Vi ali profissionais de saúde empenhados numa causa: promover nascimentos felizes, saudáveis, humanizados, naturais no município. Vi famílias inteiras vivendo intensamente este momento de chegada de um novo ser. Vi mulheres apoiadas por seus companheiros, vi homens responsáveis por sua paternidade. Uma verdadeira celebração da vida! Vi também mulheres sozinhas, mas não abandonadas, apoiadas por companheiros e famílias que só não estava ali naquele momento. 

É hora de pensar em cuidados sim, mas também hora de viver a sensibilidade e emoção por esta nova vida que chega. Assim a enfermeira Margot começa sua fala… falando da vida, da emoção.

Depois de explicar como funcionarão os encontros e antecipar alguns assuntos a serem abordados ao longo deste processo, chegou a hora do parto: um vídeo de parto é apresentado e que provoca muitas reações no grupo. Alguns dizem: eu não quero isso, outros dizem: tenho medo, outros dizem: quanta emoção, que legal, quero assim, foi assim que sonhei. O que mostrava o vídeo? Uma mulher, seu companheiro, uma doula participando do nascimento de uma nova vida na água, na banheira, natural, com muito amor e carinho… no seu tempo, no tempo da vida. Amparar as dores, esperar as contrações e a dilatação, cuidar da placenta, cortar o cordão umbilical tardiamente, emocionar-se, viver o parto, dar de mamar na primeira hora, amar-se.

Em seguida a psicóloga Michele assume a fala para ativar o sentido mais coletivo a partir destas emoções vividas. Alguns, visivelmente emocionados, deixaram correr as lágrimas, outros com um sorriso doce revelam os sonhos nos olhos, outros com um sorriso nervoso expressam seus medos e preocupações. Assim a roda apresenta-se: nome, papel na família, breve descrição da família (primeiro filho, outras experiências anteriores, o que achou do vídeo). O diverso dá o tom da riqueza que se constitui neste grupo, que agora se entrelaça por suas histórias, conhece-se um pouco, unidos pelo mesmo momento da gestação.

Alguns planejaram estes momentos, outros desejavam, mas não agora, outros levaram um susto por não planejarem. Uns são jovens, outros nem tanto, uns primeiro relacionamento, outros o terceiro. Uns já haviam experimentado outros nascimentos, outros será a primeira vez. Mas todos consideraram este um momento especialmente singular, nada igual, único, especial!

Cada um trouxe consigo muitas expectativas para este encontro e que foram respeitadas e acolhidas pelos profissionais que acompanham este grupo. Cada um escreveu quais as dúvidas e expectativas querem sanar, escreveram em pequenos pedaços de papel, expectativas, dúvidas angústias. Cada um lê sua pergunta, algumas serão respondidas mais tarde de aordo com o plano de trabalho, uma em especial será respondida hoje… os medos produzidos por uma gestação de risco… o que é urgente não fica sem resposta. 

Outra pergunta que está na moda também foi preparada pela equipe para o dia de hoje: e o Zica vírus, e a microcefalia? A Sabrina da Vigilância epidemiológica está ali para falar, ouvir, dialogar. Todos levam panfletos sobre o tema: não deixar nascer o mosquito, repelir as picadas, evitar a doença, cuidar do meio ambiente, cuidar dos bebês… Todos puderam perguntar e ouviram preciosas orientações. E o serviço permanece lá de portas abertas para quem quiser mais, para quem lembrar de alguma dúvida que não tirou agora. Tudo em nome de seguirmos com o quadro atual no município… sem focos do Aedes e sem Zika, sem microcefalia… ou seja Timbó está fora da moda… ainda bem! Mas segue antenado com as tendências atuais, prevenção é a palavra de ordem.

Vamos falar das emoções da gestação, que sentimentos existem relacionados a este momento da vida de cada um. O que é comum acontecer, o que estão experimentando? Assim a Michele vai dialogando sobre os aspectos emocionais na gestação. Fala da importância de conectar-se emocionalmente com este momento, viver o afeto com o bebê mesmo ainda na barriga da mãe. Laços afetivos, cuidados, carinho, sem esquecer de alguns riscos e sinais de alerta.

Seguimos a um momento intenso e emocionante: um exercício desta conexão, os participantes viveram momentos de relaxamento e experimentaram imaginar o bebê, acariciá-lo, o casal, a família, os companheiros da roda.

O que nos espera na próxima semana… viver intensamente este momento novamente.

Parabéns a equipe pelo trabalho, e como diz o poeta: E a vida o que é ?

O Que É, o Que É?

Gonzaguinha

 

 

Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita
 
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
 
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
 
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
 
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
 
E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!
 
E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão
 
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo
 
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
 
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer
 
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
 
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
 
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita
 
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
 
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
 
Grande emoção!
Bjs Patrícia